Localização

22 fev 2019 - 09h00

No metrô, no parque, no shopping, em muitos lugares podemos trombar com o mapa, auxílio para desavisados. Ali se indica, geralmente destacado por uma bolinha vermelha, “você está aqui”. Tranquiliza, porque gostamos de saber (exatamente) onde estamos. 

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Foto: iStock

Desde criança fomos assim. Quem não anotou, meio de brincadeira, na capa dos primeiros cadernos escolares, com aquela caligrafia que ficava cada vez maior na medida que rumava para o final da linha, o endereço cósmico completo, mais ou menos nesse formato: nome, rua da residência, número da casa e do apartamento (quando era o caso), bairro, cidade, estado, país, Terra, Sistema Solar, Galáxia, Cosmo, Mundo. 

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São exemplos que revelam o profundo interesse que nutrimos por localizar e compreender melhor qualquer coisa, inclusive nosso destino. Perguntas que nos acompanham desde os mais profundos tempos: onde estamos e que tipo de partícula, em meio à imensidão de tudo o que existe, somos.

Se o Universo nos reduz a um ponto, queremos saber muito direitinho, com exatidão absoluta, em qual bloquinho nos posicionamos. Nossas aspirações não gostam de ser engolidas por um pesadelo de falta de sentido, daí a importância de, como as crianças deixam claro, localizar corretamente a posição que ocupamos.

Aqui cabe uma definição importante. Pessoas espiritualizadas seguem, pela vida adulta adentro, carregando aquela sensibilidade das crianças. Não aceitando, como faz a ciência, uma noção de nada absoluto, repetem as perguntas mais simples e mais desafiadoras: o que é o nada? O que é o tudo? Compreendem que é possível encontrar sentido, mesmo na vastidão assustadora e silenciosa, mesmo na aparente indiferença que abraça por todos os lados. 

Uma das mais desafiadoras tarefas para quem trabalha com a dimensão da espiritualidade é essa: enfrentar o caos e a complexidade das estruturas ao nosso redor, os vazios aparentes. Compreender corajosamente e dividir o entendimento: estamos em dois pólos ao mesmo tempo, somos especiais e somos insignificantes. Olhar para o passado e enxergar mais sabedoria. Olhar para o futuro e enxergar mais possibilidades. Indo além, por fim, é dever usar a inteligência espiritual e mostrar que o Destino, por mais sofrido que se manifeste, não é caprichoso ou instável, irritadiço ou incoerente. 

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Místico é entender que, seres humanos, não podem estar sozinhos, apenas com a pulsação dos seus corações, egos separados, olhando para um mundo de coisas separadas. 

A ciência mostra que nós, todas as coisas vivas, partilhamos o mesmo código DNA com seus magníficos três bilhões de anos de evolução. Por que parar por aí? Podemos ir além, conquistar uma compreensão ainda mais intensa, entender que todas as coisas — e não apenas as coisas vivas —, são radiação simétrica evoluída. Essa unificação mostra que não “estamos aqui”, estamos em toda parte. 

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Fonte: Marina Gold
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