Dia da criança. Data especial permite pedir um presente especial: cada um que tenha relação de responsabilidade com uma criança consiga dialogar imaginariamente com ela como se já estivesse crescida, madura para pedir “prestações de contas”. Explico melhor.
Como espiritualista entendo quanta economia de carma ruim, quanta dor e sofrimento seriam evitados se as crianças não estivessem alguns quilômetros para trás dos adultos na longa marcha da vida.
Se as crianças pudessem compreender e discernir o que os adultos estão fazendo – especificamente em casos que implicam comprometimento do futuro delas –, se defenderiam, reagiriam, levantariam a voz.
Fico atônita ao saber de estripulias de pais, mães; gente supostamente responsável que não vacila ao comprometer seus filhos, enteados, meninos e meninas de tenra idade que, retrato acabado da inocência, não podem de maneira nenhuma se manifestarem, compreenderem que as armadilhas armadas hoje, aprisionarão amanhã.
Sei que o tema é forte, por isso trato dele nesse dia de brinquedos e almoços especiais, sorvetes e passeios divertidos. Sou médica da alma e, quando encontro uma alma adoentada, preciso ser dura no diagnóstico e no tratamento, na conduta e na cobrança.
Caso clássico: a mãe se encanta por outro homem e esquece que, quando há filho(s) envolvido(s), ela não pode pensar única e exclusivamente de forma egóica. “É tão bom namorar gostoso, é prazeroso e me faz sentir bem e jovem de novo”.
Sim, entendo, concordo, porém, sendo mãe, a questão principal é: essa opção fortemente autocentrada coloca em risco possibilidades de um serzinho que ainda não adquiriu tônus para cuidar por escolha própria da sua abertura e condição de futuro?
Vamos dar às crianças, nessa data cheia de ternura e acolhimento, um presente maior do que a boneca ou o joguinho eletrônico: vamos dar o respeito de não aproveitar de sua candura e ingenuidade.
Basta criar mentalmente um diálogo com elas como se quinze anos tivessem se passado, pesar cobranças que, aliás, não virão porque, com o tempo, tudo terá se desdobrado e, então, será tarde demais. É exercício duro para nosso narcisismo, mas profundamente embebido de amor – exatamente o que melhor podemos compartilhar com os pequenos.
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