Atraída pela propaganda de uma nova novela, ligada ao espiritismo, resolvi assistir. Em princípio, ela trata de uma história de amor impossível que remonta a uma encarnação passada.
Os fenômenos que são apresentados, as soluções que a escritora (novelista!) tem dado para mostrar o encadeamento da vida das personagens (vida atual e sua relação com a anterior), não me parece – embora não seja crítica de televisão – consistente e nem coerente com as leis da doutrina espírita.
A forma como a protagonista transita da vida atual para a passada, faz com que toda a história se pareça com um conto de fadas (ou de realismo fantástico) e, por isso, se afaste muito das possibilidades de reconhecer e analisar qualquer experiência precedente.
A personagem principal, recorrentemente, entra em transe e mergulha na sua vida pregressa, (re)vivencia acontecimentos como se sua missão fosse descobrir tudo sobre seu próprio assassinato, que teria ocorrido em outra vida.
As pessoas que acompanham a novela e desconhecem os ensinamentos de Allan Kardec (entre outros ilustres doutrinadores), acabam por imaginar que o conceito de “vidas passadas” pode se manifestar assim, com tanta facilidade à consciência humana, sem qualquer treino ou maturidade mediúnica.
Claro está que a história tem as licenças românticas de se desenvolver como se fosse possível esse desdobramento. A mim parece, contudo, ainda que esteticamente interessante, extremamente perigoso esse exagero de revelar a vida anterior com tanta coerência e lógica.
Qualquer espectador desavisado poderia pensar e acreditar ser simples tamanha abertura entre o agora e o passado. Como se sabe, isso depende de auxílio, dom, apoio de terapia de vidas passadas, atividade mediúnica competente, gente especializada.
A forma como a novela se desenvolve coloca em risco, na minha visão, a seriedade e o equilíbrio da doutrina. As pessoas podem pensar que a jovem heroína, com suas fugas da realidade, esteja tomada por surtos de delírio. Podem equivocadamente acreditar ser possível esse tipo de visão (aberta, simples e fácil) dos carmas anteriores.
Como diversão a novela responde bem. Como proposta pedagógica, tendo em vista a educação para a Doutrina de Kardec, deve cuidar para não cair na caricatura, ou, pior, no pastiche que pode ser bastante ridículo e pouco produtivo.
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