As setas do tempo são cheias de mistério. Seu funcionamento é para nós, sem dúvida, tema dos mais cativantes. Quem não se espanta com a semente que desabrocha em flor e, rápido, fenece e cai apodrecida. Indica que vivemos num ciclo impossível de ser contido, marca a passagem inexorável da vida, caracteriza e gera a percepção de mundo convencional que nos cerca, aquela com a qual operamos cotidianamente, em nossos afazeres corriqueiros.
A discussão sobre a dimensão do tempo e seus desdobramentos constituiu, ao longo da história de curiosidade e exploração que marca a humanidade, um dos enigmas mais cativantes, capaz de apaixonar sucessivas gerações de físicos, filósofos e místicos. Entender essa sombra perpetuamente móvel ocupou o melhor da inteligência de muitos dos maiores nomes da poesia, da ciência e da vida prática.
No mundo espiritual, ao contrário do que é inquestionável e imutável por aqui, o tempo não está uniformemente orientado apenas para frente. Ele se mostra reversível, elástico, pode mudar de sentido e intensidade. Para nós – acostumados que estamos com a correnteza sempre fluindo na mesma direção – é estranha essa característica que cria um horizonte de eventos, pleno de potencialidades infinitas, reino de virtualidade absoluta de acontecimentos.
O que aqui não se deu, lá pode se dar muitas e muitas vezes. O que aqui não se repetiu jamais, lá pode se refazer tantas vezes quantas forem necessárias. É difícil compreender isso com a nossa consciência não-treinada para abarcar essa estonteante rede de aberturas e caminhos reversíveis, mas é assim que a Inteligência Universal opera.
Metaforicamente podemos pensar nas xícaras que caíram e se quebraram ao longo das nossas vidas. O temperamento manipulável do tempo espiritual abre possibilidades reconfortantes que não dispomos aqui no mundo terreno. Lá os cacos espalhados, como num filme visto em reverso, se recompõem, colados no todo coeso único da perfeição inicial. Assim, no plano espiritual, antigos dissabores, brigas, erros, acidentes, são reparados com essa espécie de cola absoluta do tempo — gratuitamente? Não, dosada de acordo com os merecimentos que plantamos por aqui.
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