Das muitas coisas que encontrei no meu consultório, como esquecer daquele rapaz transbordando beleza, inteligência, auto-confiança e desenvoltura? Demorei um bocado para perceber que toda aquela fortaleza, sedutora, era na verdade a fachada dissimulando um vida espiritual em desorientação. Hoje, tantos anos depois, percorridos tantos outros caminhos, sigo ainda admirada com aquele poder teatral.
A máscara de equilíbrio e sucesso, vitórias práticas e sentimentais, certeza das decisões, quando removida, revelava um coração ressecado, desidratado, como uma fruta seca, à beira da morte. Ele tinha sofrido bastante pela vida adentro. Infância solitária, conflitos familiares tremendos, abandono, angústia. Muito talentoso, desde bem criança, usava os problemas e angústias como alicerce para crescer na vida, superar, seguir adiante.
Seu lema, como me revelou, era a frase famosa, citada (sobretudo por adolescentes) aqui e acolá, daquele filósofo alemão de fartos bigodes (Nietzsche): “Aquilo que não me destrói, me faz mais forte”. Impulsionado por ele, atravessou, como uma flecha de aço, as provações e obstáculos. Cresceu e venceu no trabalho, na luta pelas conquistas financeiras. A luta era árdua e ele indicava não querer filhos. Dizia: “Não, filhos deixam sequelas”.
Tinha caminhado energicamente até os trinta e cinco anos. Nessa idade encontrou pela frente uma depressão brava, sinais de que algo estava fora do lugar, insônia persistente. Escoltado por uma amiga, buscou pela primeira vez esclarecimento das coisas espirituais.
Juntos enfrentamos um desafio que se destacou. Ele tinha o nome de um dos filhos de uma amiga da família. Esse garotinho havia morrido, em um trágico acidente na piscina, aos seis anos, pouco antes do meu cliente nascer. Foram precisos meses para ordenar conflitos esotéricos. Com a bondade da Inteligência Universal, aprumamos as coisas e meu cliente renasceu outra pessoa.
O que eu não esperava era a alegria de ser convidada, há poucos meses, para o aniversário da filhinha dele, um amor de menina completando dez anos. Velinhas apagadas, bolo repartido, ele me pega as mãos e com os olhos mareados comenta: “Demorou, Marina, mas aprendi que a melhor das sequelas é a felicidade”.
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