Religião e esoterismo estão presentes na vida humana há muito tempo, mas é importante deixar claro que não são a mesma coisa. Explico. As pessoas religiosas são, de acordo com a orientação de sua fé, esotéricas. Por outro lado, algumas pessoas podem ser esotéricas sem estarem necessariamente ligadas a uma religião. Em outros termos: as religiões estão atreladas ao esoterismo, contudo é possível abraçar um percurso esotérico distante das propostas e ordenamentos religiosos.
A participação religiosa vai além da fé. Ela está apoiada em exigências, sacrifícios, proibições, obrigações, restrições, posturas, valores, imperativos morais, modos de viver e se comportar. Mais do que uma opção diante dos mistérios, a religião também funciona como uma ferramenta para a civilização lidar com as incertezas do mundo.
Sob esse aspecto pragmático, as religiões são uma espécie de mistura entre contrato de seguro e serviços sociais. Elas cuidam dos enfermos, dos solteiros, dos bebês, dos órfãos, dos idosos, dos desvalidos e necessitados em geral. Na sua comunidade o fiel pode encontrar uma ampla base de assistência mútua: caridade, auxílio, solidariedade, confiança, etc.
O esoterismo está debruçado sobre outras preocupações, questões de conforto espiritual e tranquilidade no plano transcendente e sagrado. Poderíamos, então, dizer que o esoterismo, assim como a religião, é um diálogo com Deus, mas esta última vai além, abre um diálogo também com a comunidade.
O caminho esotérico é individual e individualizado, já o religioso está em osmose com o meio social, ligado a uma série de regras, que costuma demandar tempo e esforço, quanto a traje, dieta, ansseio, conduta sexual, festas, dias especiais, feriados, organização do cotidiano e até interações de lazer. Esse conjunto de exigências fortalece bastante a coesão social, o sentido de pertencimento e os laços de confiança. Tudo isso ajuda a explicar porque as religiões se mostram tão resistentes ao longo dos milênios.
Uma reflexão final. Seja pelo caminho individual do esoterismo, ou pelo caminho compartilhado da religião (que, relembro, não descarta o envolvimento pessoal com os mistérios), o fundamental é encontrar felicidade. Para todos nós, nada pode ser melhor do que isso. Devotar-se, elevar-se, meditar, rezar, são coisas que fazem bem e constroem felicidade – esteja em comunidade religiosa ou na singularidade tão especial de cada individualidade humana.
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