O homem inteligente chora e o sábio ri. Eis a receita do “santo remédio”: a melhor solução, a maneira mais apropriada de levar a vida, antes ela do que a amargura. Sem dúvida o riso humano pertence às coisas mais belas: janela pela qual podemos contemplar que, para além de nossa animalidade puramente biológica, somos dotados de luz interior, alma.
É por essa razão que costumo desconfiar – sem medo de equívoco – das pessoas ou situações exageradamente sérias, sisudas, rigorosas, que não suportam nenhum divertimento brincalhão, nenhuma alegria efêmera para quem tudo deve ser o tempo todo realmente sério.
Penso que a aversão ao riso é reveladora de alguma insegurança, exagerada valorização do desimportante, medo de se perceber que essência e aparência podem estar em desarmonia. Quem não sabe rir não se destaca do mundo animal. Desprovido de humor, ranzinza, não desdobra uma das mais interessantes virtudes que devemos exercitar.
Outra vantagem é a benevolência do riso, sua serventia para encararmos tantas tolices que observamos no mundo, tanto julgamento incorreto e injustiça ao nosso redor. Ele é surpreendente e, funcionando como um paraquedas de emergência, contradiz expectativas que seriam inatacáveis, permite um pouquinho de ridículo e liberdade, mesmo nas mais tenebrosas circunstâncias.
Estou com os filósofos, músicos, escritores, poetas, e, principalmente, místicos que colocam o riso como força acima da fortuna, do poder e da fama. E não venham me dizer que não é preciso coragem para isso, claro que sim, coragem de questionar os valores dominantes, os costumes, desnudar as tolices, enxergar além do próprio horizonte limitado, revelar as farsas, colocar as hierarquias de ponta-cabeça.
Para os momentos difíceis é bom saber que existe o humor, a piada, as brincadeiras ligeiras. Uma espécie de última torre de fortaleza, um refúgio isolado que mostra outras faces das coisas ao nosso redor, que simplifica a relação das pessoas umas com as outras, que revela que inúmeras seduções que nos rodeiam não são imprescindíveis.
Quanto mais seguro se torna o espírito, mais o homem aprende o sorriso, forte aliado para suportar agruras e provações que não faltam pelo caminho árido e pedregoso. Que bom remédio rir um pouco, nem que seja por último, no final – exatamente para rir melhor.
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