O poeta Vinicius de Moraes ensinou, bem ensinadinho, como viver um grande amor: “um cuidado permanente”. Sábia lição. Porém, como ele mesmo admitiu, “infinito enquanto dure”, até o maior amor do mundo pode acabar.
E? Então? O aprendizado deve ser outro, como superar um grande amor. Como cuidar das feridas? Como contornar a perda? Como evoluir e, dinamizando a reconstrução da vida sentimental, em postura de vencer crises, se preparar para encontro com um novo amor.
O amor acabou? Como superar? A primeira etapa chamo de “Sair do ovo”. Da perda à sua conscientização, há um período de latência, espera e assentamento. Difícil acreditar, inevitável aguardar que a situação se recomponha. Que tudo se reverta e volte como antes!
O “nós que nos amávamos tanto” é inapelavelmente substituído por “pesca no whatsapp”, “vasculha às redes sociais”, e lágrimas – muitas lágrimas.
Importante, esse primeiro momento, é não embarcar em loucuras. Se necessário, fazer como Ulisses diante das sereias e seus cantos sedutores: se amarrar no mastro. Em maior sentido de sobrevivência, apaziguar a fúria, a angústia, as reações intempestivas, exercer um rigoroso controle da ansiedade, dos alimentos, do álcool, das fugas fáceis.
O dever é procurar o eixo condutor dos afetos para avaliar as avarias, iniciar os consertos preliminares, escolher as ferramentas adequadas para sanar o estrago, que é sempre muito grande.
Difícil voltar à vida, como um pássaro que, afinal, rompe a casca e olha em torno, provavelmente sem entender nada... é possível que seu único instinto seja retornar para o seio da proteção do ovo que, infelizmente, já rompeu.
A duração desse período delicado e intempestivo depende dos mecanismos de memória-esquecimento. Enquanto as pessoas falam sobre, comentam desdobramentos, informam os passos do outro, a cena segue, o aprisionamento prossegue: amigos viram enfermeiros, terapeutas, detetives; a família se enche de cuidados, escolhe as palavras, anda na ponta dos pés. É preciso mudar o cenário e, para tanto, não ouvir, não comentar e, muito menos, farejar.
Para conseguir esse afastamento inicial e indispensável, boa ajuda é bem vinda. Uma consulta espiritual sempre auxilia, reorganiza e acode os pontos mais doloridos e obscuros. Mas, atenção! Nada que retroceda, que aponte para o passado ou prolongue a espera inútil.
Deve-se olhar e rumar pra adiante. Entender e superar. Todos os recursos terminaram, todas as conversas cessaram, todas as informações foram trocadas, todas as rezas não funcionaram e você, mesmo que não queira, precisa ser impulsionado de volta para a vida normal. Na coluna seguinte esclareço o passo posterior.
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