Dizem com frequência: “viver é perder”. Pensar assim, que a única coisa que nos resta são as nossas perdas, ainda que elegante paradoxo, não deixa de ser um exagerado pessimismo.
Pessoas espiritualizadas, contrapondo-se a essa ideia, carregam inseparavelmente consigo um conjunto de tesouros imateriais que não pode ser subtraído, nessa ou em qualquer outra vivência astral.
Se há o pessimismo, há também, quando o exagero é comedido, simples questão de gradação, o realismo. Quero dizer com isso que a perda, dura e a amarga experiência, nos faz companhia o tempo todo, coladinha, mais perto do que gostaríamos, podendo nos passar uma rasteira a qualquer momento.
O tempo não cessa de executar sua obra. Vai macerando objetos, amizades, amores, sonhos. Em grande medida a história da vida é assim, precisamos aprender como enfrentar as imperfeições com mansidão e candura.
Conviver com o susto de perder algo a cada dia. Um falecimento, uma chave sumida, um relógio extraviado, uma moeda furtada, uma hora de inútil espera, uma paixão, um desejo, um caminho, um nome. Perdemos mil coisas, castelos, cidades, reinos, continentes.
A lição ensina a renunciar, com resignação ao supérfluo, ao desnecessário, ao que não é essencialmente nosso, nosso de fato, nosso mesmo. Possibilidades físicas e probabilidades sociais se enfraquecem, precisamos nos tornar peritos em despedidas e renúncias.
A sabedoria está em não lamentar inutilmente. Caem as ilusões, resta a alma, imune ao fracasso ou à ruptura, nunca esgotada ou esgotável. Eterna guia de regeneração, sentido para tanto vazio.
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