Falemos do mais intenso desejo de todos nós: felicidade. É de se esperar, pois ela une, condensa, sintetiza todas as possibilidades, todos os anseios, todos os coroamentos e realizações.
Ah, a felicidade — poetas, filósofos e até mesmo economistas falam sobre ela. Os místicos também não poderiam ficar de fora. Todavia, segue e prossegue reiteradamente uma angustiada reflexão: o que é, afinal, uma vida feliz? Viver feliz é o que todo mundo almeja, mas quem sabe exatamente o que torna a vida feliz?
Em nossos dias, as circunstâncias dessa reflexão, que nunca foi das mais simples, andaram se conturbando e desgastando ainda mais. Muitos se proclamam mestres em indicar os caminhos da vida bem-sucedida, querem aconselhar e persuadir.
Poucos, porém, enfrentaram o necessário exame de consciência, atravessaram o sincero desafio da humildade para abordar problema tão fundamental e importante. Convenhamos que é preciso boa intenção e sabedoria para lidar com a demanda do soberano bem, a conflituosa relação do homem com o prazer, assuntos de alcance perene e universal.
Se ao acaso vagamos em relação à busca da felicidade, devemos cuidar para não adotar como guias os rumores que nos chamam de todas as partes. O caminho movimentado é o que pode conduzir aos maiores enganos. Quanto mais por ele corremos, mais nos distanciamos do almejado, vivendo não segundo escolha racional, mas por imitação.
É preciso tomar cuidado, atentamente. Buscar o melhor e não o que está na moda. Buscar afeições e venturas que possamos sentir verdadeiramente, e não que nos induzam a mostrar aos outros, exibindo uma ilusão vazia. Fugir das coisas e situações que brilhando por fora, por dentro, sejam deploráveis.
Sabedoria está em compreender que a felicidade não passa pela coroa ou pelas vestes que cobrem o corpo. Seda, cetim, linhos, belas estampas e cores não são critério seguro para distinguir o verdadeiro. Pérola, ouro diamante são apenas objetos de aparência que, quando inócuos, nos irritam e afastam dos propósitos legítimos; quando perversos e doentios, escravizam e rebaixam, aterrorizam e nos enchem de ansiedade.
Deixemos claro: uma vida feliz é um bem do espírito — tranquilo e inabalável, grande e agradável. E, convenhamos, o bem do espírito cabe somente ao espírito encontrar. Pena que para ele, tão ocupado anda com adereços e acessórios, pouco tempo reste para entrar em si mesmo.
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