Ela própria é uma experiência interessante e guarda consigo um sentido profundo ainda mais forte. Comigo acontece muito raramente, quase nunca. Parece que é assim com a imensa maioria das pessoas embora alguns privilegiados, pelo que sei, vivenciam com grande frequência, mal se espantam com aquilo que me parece estarrecedor.
Hoje, depois de longo tempo, desfrutei de um desses lampejos. Passa voando. Queremos agarrá-lo inutilmente. Rapidinho ele se dissolve, nos deixando atônitos. Compartilho com vocês.
Gosto de coalhada. Preparo em casa. Costumo usar uma travessa de vidro refratário. Fecho com papel filme e torço para que as coisas vivas virem-se bem e não azedem de forma insalubre. Resolvi mudar e ver no que dava. Para simplificar meu trabalho pensei em usar um recipiente de plástico, com boa tampa, bem hermética, o que pouparia aquele estica e puxa do filme (refiro-me ao papel, bem entendido).
Decido arriscar. Vou ao armário e escolho um pote apropriado, para pouco mais de um litro. Nesse momento explode um clarão, como um raio que desce faiscando.
A cena é absolutamente banal. Uma dona de casa entretida em seus afazeres comuns. Por que a agitação? Bem, simples, eu havia sonhado claramente com esse acontecimento e seus inúmeros detalhes algumas semanas antes. Tinha esquecido, mas ao viver a passagem em vigília, o sonho retornou nítido, trazendo com ele aquele sabor de coisa estranha.
A questão maior é compreender o que está se passando no alicerce, na base de um fenômeno como esse. Como sempre os sonhos ocupam lugar privilegiado para quem se interessa pelos enigmas da espiritualidade. Aqui, de modo especial, há uma reverberância entre sonho e realidade, o primeiro misteriosamente antecipando-se à última, deixando claro que há inúmeras forças ao nosso redor que não são simplesmente visíveis.
Vivências assim indicam o trabalho de energias protetoras e intercessoras, guias que em outro plano estão antecipando nossos passos, escrevendo com esmero rumo e desenrolar dos nossos destinos, direções que nossas vidas tomarão. É com sensibilidade que podemos nos aproximar desses mistérios, merecendo passagens confirmatórias como essa que desfrutei. Agora, é torcer para a coalhada sair durinha e bem fresquinha.
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