As verdades do amor são muito esquisitas e inesperadas. Apesar de todas as garantias fornecidas pelos amantes ultrajados, traídos ou abandonados, que asseguram que irão “morrer de amor”, já busquei esclarecer (na minha coluna “Morrer de amor versus instinto de vida”) que não é assim que acontece e que é muito difícil morrer de amor...
A não ser em algum raro caso de grande doença, em que alguém se mata movido por amor e, nessa condição, revela o amor apenas como uma desculpa em meio a tantas e demais ocorrências desequilibradas. De modo geral, enfrentando crises de amor, o indivíduo costuma superar, se refazer e, não raro, encontrar um novo amor substituto, normalmente melhor do que o anterior.
O que realmente é perigoso e muito presente na vida das pessoas apaixonadas, desde sempre, é o fato inverso: matar por amor. Frequente e, de certa forma, até tolerado por segmentos da sociedade que consegue desculpar uma atitude dessas, encontrando inacreditáveis formas e maneiras de explicar tal abominação, justificando: “se desequilibrou com a traição”, “foi para limpar a honra”, ou ainda “não suportou ver que o ser amado não lhe pertencia exclusivamente”.
Mas, ainda que não tão grave quanto o atentado puro e simples de sangrar o ser amado, o que dizer daqueles que, em vez de uma atitude drástica, de revólver, faca, ou corda na mão, vão matando o ser amado aos pouquinhos, no dia-a-dia, no varejo da agressão feita passo a passo, levando à destruição psicológica, total, sem margem para qualquer reação ou resistência da vítima, exaurida nas teias perversas, sem condições de reagir ao terrorismo afetivo.
Quantas pessoas deixam de ser bem sucedidas na vida, deixam de se desenvolver numa profissão e carreira, abandonam tantas coisas válidas e produtivas por imposição de força (negativa, destrutiva) de alguém que deseja sufocar e destruir psicologicamente?
Quantas pessoas sacrificam uma parcela importante da vida, sua relação com familiares, com amigos, com coisas importantes, por imposição do ciúme de um companheiro?
Por essas circunstâncias é possível afirmar que, muitas vezes, o amor (possessivo e cruel) é capaz de matar: algumas vezes (extremadamente!) derivando para a morte literal, tantas outras (ô sofrimento!) desaguando na aniquilação psicológica e espiritual.
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