O ditado “qualquer hora é boa hora, qualquer lugar é bom lugar” não funciona para as artes e sabedorias da vidência (e das coisas esotéricas em geral). Ligadas à Lei do Carma, essas atividades demandam sintonia fina, expressa noutro ditado: “tudo na sua hora correta e no seu local correto”.
É desafiador compreender essas forças que organizam o Universo em seus desdobramentos e expressões. Um pequeno incidente mínimo e desprezível – pegar por um triz o elevador e chegar três minutos antes em determinado compromisso –, interfere de maneira decisiva no desenrolar das coisas.
Curiosamente outros encaminhamentos inversos (positivos ou negativos), bastante diferentes, oposições mais ou menos radicais, seriam facultados se o contrário ocorresse, se o elevador não tivesse sido alcançado.
Trata-se da força incontrolável do destino, onda que se propaga impulsionada por uma lógica maior, ditada pela inteligência superior, aparentemente caótica e descontrolada, todavia coerente na sua evolução em mais largo prazo, em tempos mais dilatados. É onda que lapida nossa vida a longo termo, impondo as tarefas e desafios espirituais que somos obrigados a enfrentar e harmonizar.
Ilustro com um breve relato vivido em minha prática. Atendi S. há mais de dez anos. Uma senhora simpática e vivaz com voz marcante e melódica, inesquecível, ficou gravada em minha memória. A consulta foi bem usual, sem sobressaltos. Há poucos dias ela retornou, a mesma voz e a aparência só um tiquinho mais amadurecida. Dessa vez, a consulta foi fortíssima. Um dos atendimentos mais densos que fiz. Uma séria questão de saúde – não dela, mas de uma pessoa próxima e querida – alavancou 90 minutos de uma gigantesca troca espiritual.
Ao terminar ela disse: “puxa, como foi diferente dessa vez”. Claro, agora era “a” hora. O encontro anterior, simples, preliminar, podia ser compreendido agora como necessário apenas para que eu ficasse na agenda dela, aguardando o momento correto do nosso verdadeiro desafio.
Assim são os misteriosos fios que tramam o tecido do destino da vida. Como compreende a sabedoria popular: “nada é por acaso”. Entenda: se na fila do supermercado travar o cartão de alguém na sua frente, “o que tem de ser, será”. E será mesmo, ninguém tasca.