Separação, perda e o gosto amargo do adeus. A tristeza dói numa lágrima que cai. Nesses momentos em que percebemos que há espinhos por todo o caule da flor a espiritualidade se revela a mais forte aliada, o auxílio que afasta o medo e nos ampara em meio ao sofrimento e destruição.
Quem nunca enfrentou isso? Um pedaço ruim de vida? Uma dificuldade que gostaria de apagar da memória? Uma situação que não queria conhecer? A bagagem pesada de juras falsas, mentiras, enganos, traições, desacertos, conflitos, silêncios, incompreensões, ilusões, turbilhões que carregam partículas que arranham, ferem, lixam e esfolam o coração.
Ninguém está livre dessa carga de problemas. Eles envolvem o destino como em um ovo, a clara envolve a gema. São as coisas difíceis, as passagens delicadas, as sedes abrasadoras, os obstáculos cansativos. Tudo isso em vão? Pura injustiça?
Não, de maneira nenhuma! São também essas pequenas provações de sabor desagradável que lapidam o carma e vão depurando nossa trajetória encarnada. O que individualmente podemos fazer para superar? Confiar com temperança que as águas geladas que correram e nos banharam, trazendo desconforto, foram para um bem maior.
No mais é entender que não adianta negar a dor. O caminho para transcendê-la é olhar de frente e com força. Caso contrário, o perigo de se tornar alguém sem brilho no olhar, endurecido demais, é grande.
A lembrança também deve se alojar no espaço correto. Sentir saudades não é problema. O problema é sucumbir emocionalmente diante dela, entregar os pontos, paralisar todas as coisas da vida, todas as possibilidades, inclusive, de felicidade e renovação.
A ajuda espiritual, nesses casos, é um auxílio poderoso e fundamental. Impede que os recônditos sagrados da alma da pessoa se contaminem e comprometam, liberta para que se abracem melhores perspectivas e para que não se desperdicem energias de maneiras inúteis.
O reforço da espiritualidade carrega aquela gota que remedia, a coragem que destrava, o abraço que conforta e o pulso forte que conduz. Incentiva a elaboração do drama da perda, cria condições para que o gosto pelo viver se refaça, com prazer e cor, alegrias e realizações.
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