Estranha, bem estranha essa nossa época. O supérfluo ganha o espaço do essencial e esse, eclipsado, vai sendo esquecido. A coisa pode se tornar – e se torna – irracional, insensata e exagerada. Vou pegar como exemplo aquele movimento básico do viver: a respiração.
Tenho notado que, atarantadas e hiperestimuladas, as pessoas respiram cada vez pior. O mais simples se torna o mais complicado. O que deveria ser um fluir harmônico, profundo e sereno, descamba para a síncope ansiosa, uma vibração nervosa e desagradável.
Depois dos exercícios espirituais e da meditação, inclusive como possível auxílio complementar a eles, considero a prática atenciosa da respiração como algo fundamental. Na busca de bem-estar e de desenvolvimento pessoal, a respiração é privilegiada o que possibilita a exploração do eu e de seu “sentir”.
Porém, uma instrução que preciso relembrar com frequência é “respire com consciência”. Devemos acompanhar mentalmente o trajeto do ar que circula pela traqueia, enche os pulmões e infla o diafragma. Não se trata de estufar o tórax, é o hara (o abdômen, um dos centros fundamentais da anatomia esotérica) que deve se mover.
Nesses dias de ritmos exagerados, o homem ocidental precisa redescobrir os segredos da respiração e a ligação estreita que ela faz com a emoção. A respiração é uma manifestação fisiológica implicada em todas as emoções, do mesmo modo que a temperatura da pele, as reações elétricas superficiais, o ritmo cardíaco, o tônus muscular e as secreções endócrinas.
Ela é indicadora, sismógrafo que registra as mais ínfimas variações da vida emocional. Tomar consciência da respiração constitui, portanto, o bê-a-bá do que chamamos consciência de si.
Dize-me como respiras e eu te direi o estado de tua vida afetiva. Interfira ativamente nesse processo e estarás abrindo diálogo íntimo de autocontrole. Use esse entendimento, treine-o e desenvolva-o. Você vai encontrar ferramenta poderosa de penetração no psiquismo, com forte reverberância na espiritualidade.
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