Vidente: 'é difícil fazer a separação entre medo e cautela'

13 abr 2014 - 16h16
Foto: Getty Images

Depois de tantos anos atendendo às mais diversas experiências cotidianas, uma circunstância que encontrei repetidamente e nunca deixa de me impressionar é a dificuldade que as pessoas têm de admitir que sentem medo. Não falo de pessoas que apresentam alguma síndrome grave em termos de equilíbrio psíquico, refiro-me ao medo que marca a trajetória de todos nós.

Parece que confessar o medo é sinal desprezível de fraqueza, coisa de envergonhar. De todos os sentimentos, então, o medo é aquele, mais escondido, abala a autoestima, impede o engajamento para olhar de frente circunstâncias de risco, aquelas que podem mudar radicalmente a vida.

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Muitas vezes, aceitando a responsabilidade que isso significa, procurei auxiliar gente que estava atrelada nessa armadilha, sofrendo com esse enorme desafio. Notei assim como é difícil fazer a clara separação entre medo e cautela. Esta última é elemento fundamental de manutenção de vida e integridade, o primeiro, exagero, é empecilho.

Encontrei também o oposto. Pessoas que avaliam equivocadamente situações de risco efetivo. Adolescentes são o exemplo clássico, não ajustam seus temores como deveriam. Também muita gente adulta carrega essa característica juvenil, o que pode lhes acarretar complicações e problemas complexos.

Como costumeiramente acontece, a tarefa de progresso espiritual frente ao tema do medo é calibrar adequadamente a balança existencial. Em excesso, ele prejudica com sua força paralisante, se escasso, deixa aberturas perigosas, desproteção que pode se revelar trágica. A tarefa espiritual para quem está envolvido nesse conflito é buscar o caminho mediano entre ousadia e timidez, encontrar no diálogo interior com a alma a melhor posição entre dois riscos.

Para os que, flacidamente, correm e se escondem assustados ao encontrarem qualquer desafio, é preciso fortalecer esotericamente as disposições de confiança que estão adormecidas na alma. Para os outros, que temerariamente saltam no vazio sem maior avaliação de riscos e desdobramentos, trabalho oposto de reforçar na alma as energias da autoproteção, a correta compreensão do que, excessivamente arriscado, não é seguro. 

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Fonte: Marina Gold
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