Uma vida sem alegrias é como uma longa jornada sem paradas para descanso. Isso vale para o corpo físico e para a esfera espiritual. Os percursos devem ser percorridos sem que nos esqueçamos daqueles momentos de recompensa, hora de recarregar as forças.
No plano físico sabemos o que fazer. Estirar o corpo entre almofadas ou travesseiros, espreguiçar, cochilar, dormir gostosamente; banho quente, chá, frutas, barrinha de chocolate; folhear revistas ou assistir àquele filme leve e divertido. Cada um deve instalar o corpo na pousada que mais gostar e der prazer.
E no plano espiritual? O que fazer? Como reequilibrar? Vencer a carga de estresse que chove sobre nós nas tarefas de todo dia? Há uma receita? Fórmula a ser seguida? Que tipo de carinho, mimo, conforto, acolhimento podemos oferecer às nossas almas?
Felizmente há um conjunto enorme de presentes que alegram nosso espírito. Quais? Inicialmente todos aqueles mencionados acima, além de deixarem o corpo feliz, acariciam a alma. Vamos observar que estamos vivos e, assim sendo, a conexão entre corpo e alma é forte. O corpo, ao ser tocado, reverbera e transmite ao espírito toda uma gama de sensações e informações.
Não é por acaso que ler um livro agradável, tomar um chopinho, ouvir bela música, sorrir, namorar, praticar esportes, cuidar de plantas, passear ou fazer qualquer coisa geradora de grande prazer é entendido como “alimentar o espírito”.
O elo corpo-alma é dos caminhos mais proveitosos que podemos explorar para vivificarmos nosso mundo interior. É acesso privilegiado para massagearmos nossa essência profunda, levarmos até o recôndito a ambrosia que nos fortalece. Toda experiência de satisfação, felicidade trazida pelo prazer, adquire uma vida dupla – está em correspondência com o mundo externo e interno ao mesmo tempo.
Ao nos ofertarmos algo de bom, também nosso espírito estará colhendo esse bom alimento. Sugando da vida boas substâncias, conhecendo o sabor adocicado dos frutos suculentos e polpudos da inteligência cósmica.
Outro acesso ao espiritual é o puramente energético, desprovido de qualquer relação ou apoio no Real, no imanente. É a trilha do exercício em pura abstração, através da ascese, meditação, oração e outros expedientes. Assunto para outra coluna, já que fico por aqui para o querido leitor ter oportunidade de fazer algo que agrade, nem que sejam apenas cinco minutinhos de exercício de respiração relaxante.
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