Uma boa questão para nosso aprimoramento espiritual é entender que devemos viver da maneira mais legítima possível. Explico melhor: existimos o tempo todo, mas nem sempre estamos em nossa elevação, reforçando nosso Ser (com maiúscula), em contato com nossas inclinações mais refinadas, harmonizando os instintos carnais, usando com equilíbrio a cama e a mesa.
Sem abrir mão das coisas da vida, o desenvolvimento espiritual, sensato, deve impedir o exagero do sexo e da alimentação. Sem deixar de entender a força desses prazeres, contato com nossa dimensão animal, não podemos aceitar que a imagem de realização que brote daí seja acatada como única, completa, plena, absoluta.
Menos artificiais, as conquistas referentes à alma inundam nossa vida com outro tipo de experiência. As vivências transcendentes nos confortam porque, como o próprio nome indica, ultrapassam as ilusões voláteis e transitórias das coisas materiais, são à prova de dissolução, representam evolução dos sentimentos e abertura de sentidos mais elevados para a oportunidade que recebemos de estarmos vivos. Simples assim, é compromisso que precisamos assumir com o que foi investido e seu desdobramento, nosso destino.
Vale notar o seguinte: mamíferos em geral exibem um repertório de comportamentos e sentimentos que não são encontrados, por exemplo, nos répteis. Da mesma forma que delimitamos facilmente nossa ruptura em relação aos animais inferiores, devemos ser capazes de localizar a outra fronteira, acima, salto de elevação, passagem que nos diferencia de tudo mais, inclinação para o místico, o cósmico.
Nossas circunstâncias, ritos e liberdade são bem diferentes das dos gatos ou baleias, dos morcegos ou ovelhas. Subimos um degrau importante, o do reconhecimento do mistério, constitutivo do nosso cotidiano, arte, pensamento, relações humanas, amizades, amores.
Portanto, lutar pela liberdade não se limita a escolher, com plena autonomia individual, o que comer ou beber, o que vestir ou como namorar. Trata-se, sem desmerecê-las, de ir além dessas questões corriqueiras (e, muitas vezes, notemos com cuidado, perigosamente alienantes), abraçar uma busca que complete nosso Ser.
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