Materialismo: liberdade e posse devem ser equilibradas

24 out 2016 - 14h35

Hoje compreendo melhor: quanto mais simples for a vida cotidiana, reduzida ao essencial, sobra maior espaço para a espiritualidade, caminho em linha reta para a felicidade. Em geral, somos (medrosamente) apegados às materialidades. Gostamos delas, como se pudessem resolver tudo. Essa ideia pré-concebida, mal explicada, leva ao engano e custa um esforço insensato, investimento que cada um de nós deve questionar se realmente compensa.

Liberte-se de tudo que for negativo e pesado
Liberte-se de tudo que for negativo e pesado
Foto: m-gucci / iStock

Não há confirmação de que coisas façam as pessoas felizes. De fato, parece o contrário: os objetos têm uma tendência a piorar as necessidades emocionais ao invés de apoiá-las. Pesam como bolas de ferro mental. Arrastando-as comprometemos grande parte da nossa energia existencial.

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Gostamos de acumular e isso acaba, quando ultrapassa (como acontece algumas vezes) uma fronteira de bom-senso, gerando ansiedade, angústia, infelicidade. Reparou como as pessoas consumistas podem ser tristes? Por mais que tenham em abundância, nunca estão contentes, fruindo o que já possuem. É como se tivessem mergulhado num vazio nunca preenchido; vazio interior, aquele que apenas se plenifica e encontra sentido através do crescimento espiritual.

Se concordar comigo e aspirar maior equilíbrio, indico três passos de crescimento e elucidação. Primeiro: comece com um exame de consciência. Pense na acumulação irrefletida e exagerada em contraste com o que é suficiente. Avalie o tipo de sentimento que as coisas que são suas trazem com elas.

Passo seguinte: limpeza. Mantenha as coisas positivas (e úteis) e abra mão das negativas (atravancadoras). No começo é difícil, mas depois você vai ver que abandonar o que é supérfluo, aliviar a carga, diminuir o peso, vem com gostinho de alívio. Não precisa se tornar um asceta. Fique com aquilo que gera conforto de fato, doando tudo que for excessivo.

A terceira etapa: avaliar. Para aprimorar as experiências futuras, estar atento aos perigos da compulsão, excessos e desperdícios. Numa atitude crítica, indague se a corrida frenética – apresentada exaustivamente como a melhor das opções – é mesmo o modelo a ser seguido. Detalhadamente busque a distinção entre verdade e artifício.

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Crescendo espiritualmente você vai aceitar que modéstia não significa viver no vazio, e sim recompensado por outras plenitudes. Como explicava Pepe Mujica (ex-presidente do Uruguai), discordando do título de “presidente mais pobre do mundo” atribuído pela imprensa internacional em função de seu estilo de vida simples: “está incorreto, porque pobres são aqueles que precisam de muito para viver”. Completava: “sou austero, sóbrio, carrego poucas coisas comigo, porque para viver não preciso muito mais do que tenho. Luto pela liberdade e liberdade é ter tempo para fazer o que se gosta”.

Quer saber mais sobre o trabalho de Marina Gold ou entrar em contato com ela, clique aqui.

Fonte: Especial para Terra
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