Conhecido no exterior por causa dos seus músculos, o "Hulk brasileiro" Valdir Segato injetava Synthol para ficar com os músculos inchados. O óleo mineral é comercializado de forma clandestina no Brasil e não possui orientação médica. Quando no organismo, pode causar graves problemas de saúde e até levar à morte.
Segato morreu na última terça-feira, 26, após passar mal em casa, na cidade de Ribeirão Preto (SP). Naquele dia, ele completava 55 anos de idade. A causa da morte não foi revelada e não é possível afirmar qualquer relação com o Synthol.
No entanto, em entrevista ao jornal britânico Daily Mail, em 2016, ele chegou a dizer que sabia dos perigos do óleo mineral, mas continuava usando o produto. O objetivo, contou Segato, era ter um bíceps com 68 centímetros de diâmetro.
Óleos para crescimento localizado
Synthol é composto por óleo mineral, álcool benzílico e lidocaína, que tem efeito anestésico. A médica Andressa Heimbecher, endocrinologista membro da Sociedade Brasileira de Endocrinologia e Metabologia Regional São Paulo (SBEM-SP), explica como a substância age no organismo e quais são os riscos.
"Injetado intramuscular, o óleo se espalha entre as fibras musculares e inflama, o que causa o crescimento do músculo. Imagino que seja uma inflamação dolorosa, como uma injeção de benzetacil", diz.
Heimbecher ressalta que a substância não é regulamentada e, por isso, é também difícil encontrar na literatura médica evidências científicas confiáveis sobre ela. No entanto, há informações sobre como o Synthol e outras duas substâncias, esiclene e ADE, fazem parte de um grupo chamado de óleos para crescimento localizado.
O uso desses óleos foi difundido por bodybuilders, que os usavam para corrigir pequenas assimetrias nos músculos. "Então, algumas pessoas passaram a usar grandes quantidades desses óleos para gerar inflamação nos músculos e gerar um crescimento sem necessidade de exercícios", relata a especialista.
Risco de morte
Com a recorrente inflamação dos músculos, os riscos são graves. Andressa Heimbecher afirma que a possibilidade de morrer é decorrente de derrame, embolia pulmonar ou infarto. Mas há ainda riscos quando a substância cai na corrente sanguínea e passa a ser combatida pelo sistema imunológico do indivíduo.
"Há risco de deflagrar uma doença autoimune pelo processo de inflamação provocado constantemente nos músculos", completa a especialista.