Cada vez mais em pauta, a palavra "burnout" vem sendo usada para designar um estado de esgotamento físico e mental causado por condições exaustivas de trabalho. No entanto, quando esse cenário está associado à criação dos filhos, ele é caracterizado como burnout parental.
Uma pesquisa recente publicada pela Universidade de Ohio apontou que 66% dos pais sofrem com o quadro. Além disso, as mulheres protagonizam a maioria dos casos. O estudo ouviu 1.285 pessoas com filhos menores de 18 anos. De acordo com o psicólogo Filipe Colombini, a prevalência do problema entre o sexo feminino acontece devido à maior cobrança social em relação à maternidade.
"O burnout parental está muito relacionado com uma relação desgastada e aversiva contínua dos pais com seus respectivos filhos, que costuma ter como consequência um estresse enorme", avalia. Entre os principais sinais do problema estão a falta de engajamento com a paternidade, o isolamento, a apatia e a tristeza. Há ainda o enfraquecimento do sistema imunológico como consequência do estresse emocional.
Consequências e tratamento
O desgaste provocado pela síndrome também traz consequências que atingem a vida dos pais. "Além de um estado de irritabilidade constante, quem sofre de burnout parental também costuma se sentir culpado pela convivência ruim com os filhos, culminando na baixa regulação emocional. Isso desgasta o relacionamento do casal e afeta os vínculos pessoais de forma geral", afirma o psicólogo.
Assim como os adultos, as crianças também são afetadas por esse estado constante de estresse que envolve a relação familiar. "Tanto a falta de engajamento quanto a maior irritabilidade faz com que os pais percam o interesse pela paternidade e se tornem mais agressivos com os filhos. Isso afeta de forma extremamente negativa o desenvolvimento saudável dos pequenos e pode, até mesmo, acarretar complicações psiquiátricas", explica Filipe.
Por isso, é importante comunicar a família e procurar um especialista para dar início ao tratamento, que inclui terapia e acompanhamento psiquiátrico. "Os pais, estejam casados ou não, devem buscar compreender melhor quais são as causas do problema e procurar ajuda profissional para resolver a situação", conclui.
Fonte: Filipe Colombini, psicólogo, orientador parental e CEO da Equipe AT.