Leci Brandão: "Minha mãe ajuda em tudo, de onde estiver"

Em entrevista exclusiva ao Grupo perfil a cantora e deputada estadual Leci Brandão fala sobre a importância da espiritualidade e de seus guias espirituais em sua trajetória

6 jul 2024 - 23h42

Leci Brandão. Um nome que é referência no samba. Um ícone da música. Uma força da natureza. A primeira mulher a integrar a ala de compositores da Mangueira e a segunda deputada negra da história da Assembleia Legislativa de São Paulo. Em entrevista exclusiva, ela relembra os ensinamentos da mãe, que faleceu em 2019, as dificuldades na carreira e a importância da fé em sua vida.

Leci Brandão e a mãe, 'Dona Lecy', que faleceu aos 96 anos
Leci Brandão e a mãe, 'Dona Lecy', que faleceu aos 96 anos
Foto: Reprodução / Bons Fluidos

A filha da Dona Lecy

Lecy de Assumpção Brandão, ou 'Dona Lecy', foi figura marcante na trajetória da sambista. Inicialmente, foi ela quem a levou a um terreiro de Umbanda pela primeira vez. "Sinto a presença da minha mãe em cada passo que dou", conta a cantora. As músicas "As coisas que mamãe me ensinou" e "Eu sou a filha da Dona Lecy" são alguns exemplos da admiração da artista pela mãe. No entanto, em um momento de dificuldade, recorreu à espiritualidade para recuperar a fé. Afinal, a carreira estava estagnada e não via motivos para seguir adiante. Assim, graças a Dona Lecy, soube onde procurar ajuda: no terreiro.

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Umbanda: Conhecendo o Caboclo Rei das Ervas

Em um momento de dificuldades, foi amparada por uma entidade chamada Caboclo rei das Ervas. "Era uma época muito difícil pra mim, estavas prestes a perder a crença em tudo... só não tive depressão. Seu Caboclo Rei das Ervas me disse que eu precisava cuidar do meu anjo de guarda."

Segundo a entidade, o momento de dificuldade era passageiro e ela iria, em breve, para fora do Brasil. "Antes de você retomar sua carreira, você vai sair do Brasil". Dito e feito: em seguida, meses depois, Leci estava na África apresentando sua arte.

Assim, a umbanda tornou-se uma bandeira a hastear onde chega, com orgulho. "Bati cabeça ma terra quando eu saí do avião pra pedir perdão a seu Rei das Ervas. Fiz uma saudação pra ele e sempre coloco uma saudação a um Orixá em meus discos."

Emocionada, Leci lembra que, graças à mãe, conseguiu trilhar este caminho de espiritualidade e fé. "Todas as coisas importantes que aconteceram na minha vida eu sinto a minha mãe", afirma.

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Deputada estadual

Com este apego às religiões de matriz africana, como deputada estadual, construiu um espaço de resistência na ALESP com seu gabinete. Como resultado, surgiu o  Quilombo da Diversidade. Desta forma, o nome, como explica, vem da presença de pessoas "de todas as caminhadas."

Leci Brandão

Leci Brandão nasceu no Rio de Janeiro, em 12 de setembro de 1944. A cantora e compositora gravou 25 álbuns, entre eles, três compactos, e 2 DVDs. Inicialmente,  despontou na carreira musical na década de 1970, tornando-se a primeira mulher a participar da ala de compositores da Estação Primeira de Mangueira, do Rio de Janeiro. Desde então, é um nome reverenciado por músicos de toda as as gerações. Em suma: Leci Brandão é uma força da natureza em todas as áreas em que atua.

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