Lizzie Velasquez, americana de Austin, Texas, pode dizer que jamais passou despercebida. Portadora de uma síndrome genética rara, sem nome e que registra apenas três casos no mundo, Lizzie quase não ganha peso e, embora tenha 25 anos, possui a aparência de uma mulher bem mais velha. Além de estar cega de um olho, carrega problemas em órgãos diversos.
Ao nascer, seis semanas antes da previsão inicial, Lizzie pesava quase um quilo, o que comprometeu brutalmente o seu desenvolvimento – até hoje, nunca passou dos 30 quilos. Mas sobreviveu. E, desde muito jovem, sofreu todos os tipos de bullying e preconceitos que uma criança poderia suportar: apelidos maldosos, isolamento, ataques verbais.
Foi na adolescência, porém, que um episódio mudou radicalmente a sua vida: enquanto pesquisava temas para um trabalho escolar no YouTube, Lizzie deparou-se com um vídeo intitulado “A mulher mais feia do mundo”. O vídeo, com 4 milhões de visualizações, era um trecho de um programa de TV do qual participou quando tinha 11 anos de idade. Naquele dia, Lizzie leu os quase 4.000 comentários, todos endossando o título do vídeo. “A cada comentário maldoso, era como se o punho daquela pessoa saísse do computador e me acertasse”, relata.
O que Lizzie fez? Decidiu se vingar – mas ao seu modo. “A melhor maneira de se vingar daqueles que te julgam e te menosprezam é contra-atacar com seus méritos e conquistas”, ensina. Ela então passou a escrever, escrever e escrever. Empenhou-se nos estudos e, com esforço, concluiu a faculdade de Comunicação. Expansiva e carismática, Lizzie passou a ser chamada para motivar vítimas de bullying e até portadores de síndromes raras.
Seu primeiro livro, Lizzie Beaufitul (Lizzie Bonita), vendeu milhões de cópias, em 2010. O segundo, Be Beautiful, Be You (Seja Bonita, Seja Você), saiu em 2012. Escritora de sucesso, está a caminho de seu terceiro livro, e abarrota plateias em escolas, universidades e em eventos motivacionais mundo afora.
“Eu tive uma vida realmente muito difícil. As coisas foram assustadoras, pesadas. Mas minha vida está nas minhas mãos. Eu posso escolher fazer disso algo muito ruim ou algo muito bom. Eu decidi ser orgulhosa da pessoa que sou, de estar na pele em que estou”, disse ela a jovens alunos de uma escola dos Estados Unidos.
“Me sinto especial. Posso não enxergar de um olho, mas enxergo do outro. Posso ser magra demais, mas meu cabelo é ótimo. Ninguém tem que parecer como uma esplendorosa celebridade. Seja quem é e sinta orgulho disso.”