O lago Baikal é provavelmente o clichê mais aguardado de todo viajante da Transiberiana. O lago mais antigo e mais profundo do planeta, com até 1600 m de profundidade e 20% da água doce líquida do mundo, é o ponto alto da viagem pelos trilhos russos.
A cidade de Irkutsk é a porta de entrada para visitar o lago, mas a urbe também tem seus encantos próprios. As impressionantes mansões dos dezembristas são um bom lugar para começar a entender a vida desta cidade. Os dezembristas foram oficiais do Exército Russo que se rebelaram em 1825 contra a coroação do czar Nicolau I, mas acabaram perdendo o confronto e muitos dos sobreviventes se exilaram na distante Sibéria.
A Casa-Museu Volkonsky é uma das manões que serviu de lar para um popular dezembristas, o Conde Sergei Volkonsky. Irkutsk foi a mais importante da Sibéria até o século 19 e a grande porta da Rússia para o Oriente. Hoje, a cidade é vista como um paraíso de compras devido à proximidade com a China.
Irkutsk concentra as principais agências de excursão para o Baikal, a apenas 70 km da cidade. Para aqueles que preferem viajar de maneira independente, Irkutsk também é uma boa base.
Os dois passeios mais populares são a cênica ferrovia CircumBaikal e a estonteante ilha Olkhon. Qualquer adjetivo não é exagero.
A CircumBaikal compreende um trajeto de 89 km pela margem do lago e com dezenas de paradas de pelo menos 20 minutos para que o turista possa caminhar e tirar fotos. Todo o passeio dura aproximadamente 12 horas. Quem não pode fazer a CircumBaikal não precisa se preocupar. A Transiberiana clássica passa 207 km exatamente ao lado do lago Baikal.
A grande atração da região é sem dúvida a ilha Olkhon. A maior ilha do Baikal pode ser atravessada em trilhas que saem do principal vilarejo, Khuzhir, a 300 km de Irkutsk. Basta torcer para não encontrar nenhum lobo. Muito populares são as excursões até o extremo norte da olha, o Cabo Khoboy, onde os nerpas (ou focas-da-sibérias) costumam descansar suas barbatanas. Os nerpas são uma espécie muito rara e as únicas focas que habitam exclusivamente água doce.
Olkhon costuma ser chamada de “coração do Baikal” e o título é merecido. Estepe e taiga se combinam em um ecossistema diversificado e a ilha é considerada um centro sagrado para o xamanismo, uma das religiões mais antigas da humanidade. Os Buriates (maior minoria étnica da Sibéria) acreditam que as rochas da ilha são habitadas por espíritos. Rituais feitos pela população local são facilmente observados na ilha.
Uma visita a Olkhon só está completa quando se saboreia o omul, um peixe branco da família do salmão, típico do Baikal e apreciado como iguaria na Rússia.