Para cada 10 pets, quatro apresentam algum quadro de ansiedade, depressão ou autoflagelação. Essa é a média relatada por Cleber Santos, especialista em comportamento animal e CEO da Comport Pet.
Principalmente após o fim da pandemia e o retorno gradual ao trabalho presencial, observou-se um aumento drástico nos casos crônicos de depressão e autoflagelo nos animais. O especialista destaca que muitos cães estão enfrentando transtornos mentais devido à abrupta interrupção do vínculo afetivo formado durante o período de confinamento. "Assim como para as crianças, é preciso um cuidado especial para tratar essa história, de preferência, com estratégias orientadas para essa transição", explica Santos.
Dody Martins, dona de Mickey, um Lhasa Apso, notou mudanças no comportamento do seu pet após retornar ao trabalho. “Mickey não comia, bebia pouco, coçava-se e mordia a noite toda. O veterinário indicou um creme para dermatite, mas os sintomas persistiram. Percebi que poderia ser um problema emocional, algo desconhecido por mim até então”, conta Dody, que procurou a ajuda do especialista em comportamento para aderir alguns novos “rituais” que acalmassem seu cão.
Tristeza x Depressão x Autoflagelo
O agravamento da ansiedade para um quadro depressivo é comum, pois os sinais de socorro nem sempre são percebidos. Mudanças de comportamento, como desobediência, agressividade ou agitação, podem ser interpretadas pelos donos como formas de "chamar a atenção". Santos destaca a importância de diferenciar a tristeza da depressão nos pets. “Sintomas depressivos incluem falta de apetite, apatia, inatividade, pouca afetividade, sono excessivo e falta de vontade de brincar. O autoflagelo, resultado da ansiedade, manifesta-se por comportamentos autodestrutivos como morder ou lamber excessivamente, podendo levar a machucados”, explica.
Nos casos de depressão e autoflagelo, é recomendado buscar ajuda profissional de um especialista em etologia, zoopsiquiatria ou medicina veterinária comportamental. Terapias complementares como musicoterapia, cromoterapia, acupuntura, florais, cannabis, entre outras, podem promover bem-estar físico e psíquico nos animais, reduzindo os efeitos colaterais de medicamentos convencionais.
Conheça mais essas terapias
Musicoterapia e Cromoterapia: Cleber Santos foi o precursor da musicoterapia para cães no Brasil. Trazendo a especialização após um período de estudos no Canadá, o especialista inseriu na rotina da sua creche animal as sessões de musicoterapia com cromoterapia. Em suas sessões diárias, reproduz sons de piano, sax e violino, proporcionando relaxamento e concentração aos animais. A cromoterapia, utilizando luzes coloridas, complementa o processo, promovendo um ambiente propício ao equilíbrio mental. Resultados visíveis incluem a redução do estresse e a integração harmoniosa entre animais.
Cannabis para Pets: Segundo Claudia Passos, veterinária na Comport Pet, em cães e gatos, o CBD é frequentemente usado por suas propriedades anti-inflamatórias, analgésicas e ansiolíticas, podendo aliviar a dor, reduzir a ansiedade e auxiliar no controle de convulsões. Além disso, tem benefícios no tratamento de condições como osteoartrite e distúrbios neurológicos. No entanto, ela salienta, o cuidado no uso em Pets: “o THC, por exemplo, é tóxico para cães e gatos em determinadas doses, e pode causar efeitos adversos graves. Por isso, produtos de cannabis para pets devem ser formulados de maneira a evitar a presença de THC. A supervisão de um veterinário é essencial ao considerar o CBD para animais de estimação, tanto para garantir a dosagem adequada quanto para evitar interações com outros medicamentos, intoxicação e efeitos adversos”, destaca.
Terapia Floral e Acupuntura: Terapias com florais e acupuntura, prescritas por veterinários qualificados, também são uma opção acessível para pets. Sobre os florais, mais popularmente conhecidos, muitas vezes eles são receitados tanto para o dono quanto para o cachorro.
Já no caso da acupuntura, muitos se perguntam como segurar um cão ou gato em uma sessão de agulhadas. O especialista explica que a chave é o condicionamento. “Muitos animais não deixam de primeira. Mas, com paciência, eles vão relaxando. E vale muito a pena. A contribuição nos processos regenerativos é significativa, assim como na recuperação de cirurgias ou tratamentos para paralisias, AVCs, convulsões, tendinites, gastrites, cistites e para amenizar sintomas da quimioterapia”, explica Cleber.
O especialista completa que todas essas terapias não possuem um prazo definido e que, para muitos tratamentos, a média é de seis meses ou, em casos complexos, é necessária a continuidade.
A construção de uma cultura da saúde mental inclui nossos cães, gatos e demais pets. Essas terapias alternativas oferecem abordagens eficazes para promover o equilíbrio e bem-estar emocional dos nossos animais de estimação.
(*) HOMEWORK inspira transformação no mundo do trabalho, nos negócios, na sociedade. É criação da Compasso, agência de conteúdo e conexão.