Cachorros são animais irresistíveis: com carisma, fidelidade e aquela carinha fofa, conseguem quase tudo de seus donos. Mas o que muitos não sabem é que, quando o assunto é alimentação, saber dizer “não” é importante para preservar a saúde do bichinho.
Na hora das refeições da família, fica difícil não ceder aos olhares de piedade e muitos acabam dando alimentos comuns aos humanos, mas muito prejudiciais aos animais.
O veterinário do Hospital Veterinário Pet Care, Leandro Zaine, que também é especialista em nutrição, elencou os cinco principais vilões nesse sentido, que podem até matar.
Conheça quais são eles, dicas para uma alimentação mais apropriada e também de comportamento, com orientações da adestradora Tarsis Ramão, da Cão Cidadão.
Sintomas
Os sintomas mais comuns de que seu cão está com problemas devido a algum alimento oferecido são vômito e diarreia que, em grande quantidade, pode levar à desidratação e trazer grandes riscos à saúde, segundo informa o veterinário.
Para identificar a causa e aplicar o tratamento correto, é preciso analisar o material. “Quando há sangue no vômito ou nas fezes, deve-se ter especial atenção”, afirma.
O quadro menos grave é quando o alimento em questão é eliminado no vômito, mas se o quadro persistir, é preciso buscar ajuda veterinária imediata. Outros pontos de atenção são falta de apetite ou apatia, se o animal estiver mais quieto do que o normal.
Alternativas à ração
Leandro reforça que há uma diferença muito grande entre a alimentação humana e a dos cães. “As pessoas comem vários tipos de alimentos e o consumo mais frequente de alguns deles leva à melhora da saúde. Já para cães, quando pensamos em rações de boa qualidade, esses alimentos que são estudados por terem benefícios à saúde já são inclusos em sua composição, como o ômega-3, antioxidantes, pré e probióticos, vitaminas e minerais”, diz.
Os cães que não comem ração, segundo ele, devem ter uma dieta caseira específica, formulada por um nutricionista veterinário. “Essa dieta irá conter todos os nutrientes que o animal precisa e será formulada para que atinja um balanço entre os nutrientes. Essas dietas podem ser formuladas em casos de doenças específicas ou quando o animal não aceita a ração, sendo que elas são mais ‘apetitosas’ que a ração para alguns cães”, finaliza.
Comilões
Tarsis alerta os donos: cachorros, de um modo geral, são gulosos. “Biologicamente, a maioria conserva o hábito de comer o máximo possível para se prevenir das épocas de vacas magras, porque quando eram lobos a oferta de comida era imprevista. E com um faro infinitamente mais apurado, um sanduíche de mortadela é realmente tentador.”
Para preservar a saúde do bichinho, o ideal é não ceder diante das carinhas de piedade. Além de preservar a saúde do animal, ela explica, também evita o inconveniente na hora das refeições relacionados às latidas ou outras “chantagens”. “O ideal é não criar o hábito desde filhote ou quando o cão chega em casa".
O problema começa na mesa
Quem tem bicho sabe: é muito comum que os cachorros fiquem em volta da mesa esperando alguma sobra ou petisco. Com o estímulo dessa prática, muitos ficam seletivos ou rejeitam a própria comida.
Segundo Tarsis, não manter uma rotina fixa de alimentação ou em porções planejadas pode contribuir para este quadro. Outro hábito comum, e errado se feito com muita frequência, é oferecer muitos petiscos ao animal. “O próprio dono treina o peludo para rejeitar seu alimento e assim ganhar algo melhor misturado à sua comida ou por fora, desregulando tudo, inclusive do ponto de vista nutricional”, observa.
Ela indica, para evitar essas situações, que o dono nunca dê nada no momento da refeição. “Mesmo que difícil, ignore-o para que ele desista.”
Para aqueles que já estão mal acostumados, a dica é distrair o pet. “Ofereça um osso ou algo que ele adora na hora do seu almoço ou jantar para que se distraia e não venha incomodar. Mas se mesmo assim ele persistir, o ideal é treinar comandos para que ele fique longe e também limites e até broncas para que respeite esse momento”, ensina.
Quem não ganha, não pede
Tarsis conta que os cachorros de porte médio e grande, ou de raças caçadoras, são mais ansiosos, então tendem a demonstrar mais esta gula ao redor da mesa. “Mas o que realmente determina esse comportamento permanente, independentemente de raça é o reforço do dono, quando cede aos apelos do animal. Cães que não ganham não pedem.”
É preciso tempo, paciência e persistência para cortar este hábito, pensando sempre na saúde do animal a longo prazo. Caso as dicas acima não funcionem, procure um profissional para auxiliar nos comandos e para orientar quanto ao treino de limite adequado. “Muitas vezes realmente é difícil não ceder aos apelos dos nossos bichinhos, é de cortar o coração. Mas se os amamos temos que pensar devemos criá-los com saúde e equilíbrio. Uma vida sem guloseimas realmente pode ser muito chata, e uns mimos de vez em quando não faz mal a ninguém. Então, se quer oferecer uns petiscos a seu pet, primeiro siga sempre as orientações do veterinário, do que pode ser oferecido além da ração. E use esses agrados também para educá-lo, como recompensa para momentos de bons comportamentos e não para mimar seu melhor amigo”, finaliza.
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