A esporotricose é uma infecção causada pelo fungo Sporothrix schenckii. Essa condição pode afetar diversos animais, incluindo gatos, e também pode ser transmitida aos seres humanos. Lugares com clima subtropical e tropical, como o Brasil, são regiões ainda mais comuns de a proliferação ocorrer.
Conforme o infectologista e coordenador do Comitê de Micologia da Sociedade Brasileira de Infectologia, Flávio Telles, a enfermidade está se espalhando de forma descontrolada. Segundo o Sinan (Sistema de Informação de Agravos de Notificação), em 10 anos, houve aumento de 162% na taxa de contaminação no estado do Rio de Janeiro: 579 (2013) para 1.518 (2022).
No entanto, não é possível saber com precisão os números totais de infecções, visto que esta não é uma doença de notificação compulsória em muitos estados, isto é, não é obrigatória a notificação para órgãos municipais e federais de saúde quando diagnosticada.
Formas de transmissão da esporotricose
Os gatos atuam como portadores do fungo Sporothrix brasiliensis nas garras, saliva e sangue, tornando-se vetores da doença. A esporotricose pode ser transmitida por felinos contaminados para cães, outros gatos e seres humanos por meio de mordidas, arranhões e do contato com as lesões dos infectados.
De acordo com o médico-veterinário da Petlove, Pedro Risolia, o gato semidomiciliado, ou seja, aquele que tem uma vida mista entre residir uma casa, mas têm acesso livre para sair para a rua, apresenta importante relevância na disseminação da doença.
"Os tutores devem dar uma atenção especial para os felinos não castrados que buscam a rua com mais frequência, pois esses podem se contaminar ao cavar buracos depois de defecarem e ao afiarem as unhas em árvores e plantas", alerta.
Ele também comenta que outra forma de contaminação são as brigas, pois um felino contaminado pode transmitir a doença para o outro por meio de arranhões. Isso acontece, em sua maioria, com os pets não castrados, que ficam mais suscetíveis a disputas por territórios.
Prevenindo o gato de contrair a doença
O controle da doença envolve medidas como impedir o acesso de gatos às ruas, realizar a castração, tratar animais infectados e evitar o abandono de animais doentes. "É importante lembrar que os pets não são culpados pela disseminação da doença, mas vítimas. Portanto, a educação dos tutores sobre o manejo adequado é essencial para prevenir a propagação da esporotricose", afirma Pedro.
Sintomas da esporotricose
A evolução da enfermidade costuma ser rápida, principalmente nos gatos. Ela pode variar de uma simples lesão de pele passível de regressão espontânea, até uma forma grave da doença devido à disseminação por via sanguínea ou linfática. Portanto, é importante ficar atento aos sintomas, como feridas profundas na pele (geralmente com pus) que não cicatrizam e evoluem rapidamente, além de espirros frequentes.
Em seres humanos, o principal sintoma inicia-se com feridas que não cicatrizam e a evolução ocorre, principalmente, pela forma linfocutânea, na qual além das lesões de pele pode haver comprometimento dos vasos linfáticos.
Sinais frequentes da doença são tosse, falta de ar, dor ao respirar e febre. Atenção aos indivíduos imunossuprimidos, pois o fungo possui maior capacidade de se disseminar sistemicamente via corrente sanguínea, afetando diversos órgãos e tecidos. Nos cães, a esporotricose é considerada rara, sendo a forma cutânea a mais comum.
Formas de tratamento para a esporotricose
Segundo o especialista da Petlove, o tratamento da doença é feito com antifúngico de fácil acesso em estabelecimentos comerciais e públicos de saúde. Porém, esse medicamento deve ser receitado por médicos-veterinários e, portanto, em caso de suspeita, é primordial procurar imediatamente um veterinário.
A mesma recomendação é dada aos seres humanos que apresentam sintomas de esporotricose. O portal oficial da Fiocruz recomenda que a dose do remédio deve ser avaliada e administrada por profissionais da saúde.
Cuidar da saúde do pet é uma demonstração de amor e carinho. Por isso, é importante que ele faça consultas regulares a veterinários e um check-up de exames, para evitar o agravamento de doenças como a esporotricose.
Por Gustavo Mattos