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Por que estamos no meio de tantos conflitos – e o que fazer?

Vivemos no mundo uma grande dificuldade em termos harmonia. E o nosso excesso de possibilidades tem a ver com isso. Entenda!

26 mar 2021 - 11h00
(atualizado em 17/3/2022 às 16h06)

Por que nós e o mundo estamos no meio de tantos conflitos? Há uma explicação para isso? A humanidade sempre teve dificuldades de encontrar um estado de harmonia e equilíbrio. Cada um de nós carrega naturalmente diferenças nas ideias, nas crenças, nos potenciais, até mesmo no nosso corpo e naquilo que podemos criar.

Essa diversidade é uma grande vantagem humana. Somos mais criativos, mais adaptáveis, capazes de sobreviver e de criar muito mais do que qualquer outro habitante do planeta. Mas essa mesma diversidade de ideias, de histórias, de etnias, também traz um conflito, porque nem sempre é fácil acomodá-las.

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Nesse momento, nós vivemos no mundo uma grande dificuldade em termos harmonia, pois vivemos em um período de profunda fragmentação e de excesso de possibilidades.

Antigamente havia menos diversidade de conflitos

Em tempos passados, as guerras, as brigas, aconteciam por motivos igualmente bobos do que aqueles que motivam nossa falta de amor, de carinho e de entendimento hoje. Houve uma época em que pequenos desentendimentos religiosos causaram guerras sanguinolentas, tristezas e séculos de conflitos entre povos. Entretanto, os conflitos eram menos diversos porque existiam menos opções de escolhas. Um povo se unia e brigava com outro talvez por causa de uma cor ou cultura diferente.

Dentro dos grupos, não necessariamente havia felicidade, mas um pouco de homogeneidade. As pessoas, mesmo oprimidas pela sociedade à qual pertenciam, tinham ali quase um trilho de trem com poucas escolhas. Se você, por exemplo, nascesse na Europa Medieval, certamente seria cristão, de cor de pele branca e dificilmente saberia ler ou escrever. Assim, os conflitos eram dos grandes grupos. E os conflitos das pessoas eram menores, como apenas terem que enfrentar a fome de um ano de colheita ruim ou brigar com os próprios parentes.

Vivemos em um período de profunda fragmentação e de excesso de possibilidades
Vivemos em um período de profunda fragmentação e de excesso de possibilidades
Foto: fizkes / iStock

No entanto, neste momento em que vivemos, a própria diversidade de escolhas causa uma diversidade de conflitos e problemas. Como temos muita capacidade de fazer e escolher, mas ainda temos pouca sabedoria, nós brigamos cruelmente e ferozmente.

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A diversidade não é mais parte do que nos separa

Passamos a entender, como os antepassados, que essa nossa diversidade é parte da nossa identidade tribal e separatista – mas ela não é mais. Se, antigamente, as pessoas eram definidas por alguma coisa que as colocavam em uma tribo, hoje, cada vez mais dentro da liberdade de escolha, nós temos que entender que somos um potencial, uma luz, uma alma. E que essa diversidade vem apenas para temperar e para criar novas possibilidades daquilo que cada um pode trazer.

Nós, com a abundância de informação que a internet nos traz, temos a possibilidade de carregarmos ideias e vivermos ideologias como nunca antes aconteceu. Há pouco mais de cem anos, por exemplo, as pessoas não poderiam escolher nem com quem se casariam e hoje podemos basicamente tudo. Mas se tornou mais difícil ter paz. Isso acontece porque a paz não vem de fazermos as escolhas corretas, vem de entrarmos num estado onde as escolhas nem são necessárias, onde vamos nos desapegando de muitas desilusões e nos conhecendo tão bem que nem precisamos escolher.

Se entramos no nosso profundo e encontramos um grande silêncio, o nosso impulso consumista diminui, o impulso de impormos a nossa ideologia sobre o outro diminui, o que permanece é a vontade de criarmos um mundo melhor e, assim, nos tornamos capazes de ouvir o outro, entendermos a ideologia dele. Procuramos harmonizar e não dividir.

É essa a necessidade dessa época do mundo, é esse o motivo de tanta inquietação. As possibilidades são múltiplas, as escolhas são tantas que ficamos paralisados e, pior ainda, grudamos a nossa identidade naquela abundância de escolhas a serem feitas. Nós não somos os caminhos que trilhamos, somos a luz que é para iluminar esse caminho. Namastê!

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