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Procrastinação: como lidar com a tendência de adiar obrigações

A procrastinação pode te ajudar a média prazo, porém, traz mais estresse e ansiedade A procrastinação, fenômeno comum na vida de muitas pessoas, refere-se à tendência de adiar tarefas ou compromissos, muitas vezes em detrimento de prazos estabelecidos. Este comportamento, muitas vezes associado à busca por gratificação imediata em detrimento de objetivos a longo prazo, […]

22 out 2024 - 17h32
(atualizado às 14h33)

A procrastinação pode te ajudar a média prazo, porém, traz mais estresse e ansiedade

A procrastinação, fenômeno comum na vida de muitas pessoas, refere-se à tendência de adiar tarefas ou compromissos, muitas vezes em detrimento de prazos estabelecidos. Este comportamento, muitas vezes associado à busca por gratificação imediata em detrimento de objetivos a longo prazo, pode resultar em consequências negativas tanto no âmbito pessoal quanto profissional. 

Foto: Pixabay
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Foto: Revista Malu

É o que afirma Izabelle Santos, psicóloga do hospital Anchieta de Brasília. "A procrastinação pode ser um problema, pois adiar tarefas pode levar à falta de produtividade, aumento do estresse e impacto negativo no cumprimento de metas." 

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Já o psiquiatra Lucas Benevides, professor de Medicina do CEUB, diz que a prática pode gerar um ciclo vicioso. "Enquanto muitos a consideram um impedimento à produtividade e um gerador de estresse devido ao acúmulo de tarefas não realizadas, outros argumentam que, em alguns casos, pode ser uma resposta natural à necessidade de descanso ou reflexão. O problema surge quando a procrastinação é crônica e impede a pessoa de alcançar seus objetivos, gerando ciclos de culpa, ansiedade e baixa autoestima."

Procrastinação ou tristeza…

Muitas pessoas acabam deixando de realizar tarefas no dia a dia por estarem mal consigo mesmas. A procrastinação e a tristeza excessiva são fenômenos diferentes, mas podem estar relacionados em alguns casos.

A procrastinação refere-se ao adiamento de tarefas e à postergação de ações que precisam ser realizadas. Já a tristeza excessiva pode ser um sintoma de condições emocionais, como a depressão. "É importante distinguir entre os dois, pois a procrastinação pode ser um comportamento observado em várias situações, enquanto a tristeza excessiva pode indicar um problema emocional mais profundo. Se a procrastinação está associada a sentimentos persistentes de tristeza, desesperança ou outros sintomas depressivos, pode ser útil procurar ajuda profissional para avaliação e suporte psicológico."

Há benefícios no ócio e na procrastinação?

Izabelle afirma que sim. "Às vezes, procrastinar pode ser benéfico, pois permite espaço para criatividade, reflexão, priorização inconsciente e pressão positiva, impulsionando o desempenho sob certas condições. No entanto, é crucial equilibrar esses benefícios para evitar impactos negativos. O ócio pode trazer benefícios, incluindo estimulação da criatividade, recuperação de energia, autoconhecimento, redução do estresse, melhoria da saúde mental e promoção de relacionamentos. No entanto, equilibrar o ócio com responsabilidades é essencial para um estilo de vida saudável."

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Ansiedade e procrastinação

Embora a procrastinação possa oferecer temporariamente um alívio aparente da ansiedade ao adiar tarefas desconfortáveis, isso geralmente causa o efeito contrário a longo prazo, destaca a profissional. "A procrastinação prolongada muitas vezes leva a um aumento da ansiedade devido ao acúmulo de tarefas não realizadas e à pressão crescente para concluí-las. Enfrentar as responsabilidades de maneira proativa e desenvolver habilidades de gestão do tempo é uma abordagem mais eficaz para reduzir a ansiedade associada a tarefas pendentes."

Niksen: abraçando a arte holandesa de não fazer nada 

Uma pesquisa realizada pela Ticket com 800 brasileiros mostrou que, das 544 mulheres entrevistadas, mais de 40% delas cuidam dos filhos enquanto trabalham em home office. Além disso, outros estudos mostraram que somos ou nos sentimos mais produtivos ao trabalhar em casa. Dessa forma, temos uma jornada dobrada e, por isso, não sobra muito tempo para descansarmos.

Pensando nisso, a escritora Olga Mecking explorou em seu livro uma prática de bem-estar que está particularmente ligada à cultura holandesa: trata-se de Niksen, que, em sua tradução, significa "a arte de não fazer nada". 

Olga Mecking explica que Niksen é um aspecto da cultura dos países baixos, que consiste em você simplesmente se permitir a não fazer nada durante algum momento do seu dia ou semana. O que, para ela, é muito difícil, pois nossa cultura capitalista vê com certa vergonha o fato de não fazermos nada, já que somos educados, incentivados ou até mesmo obrigados a fazer alguma coisa o tempo todo.

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Como a autora ilustra isso

Para isso, a autora nos mostra quais são as características que facilitaram o surgimento de uma prática desse tipo. Na Holanda, as pessoas possuem um sistema de previdência social sólido e seguro, uma democracia forte, maior igualdade entre homens e mulheres, além de uma moeda valorizada. Não à toa, os holandeses são considerados um dos povos mais felizes do mundo.

Desse modo, Olga nos mostra que, em uma sociedade assim, atitudes como o Niksen surgem com mais facilidade, pois além de possuir um IDH (Índice de Desenvolvimento Humano) maior, sua organização também permite comportamentos de bem-estar e autocuidado. 

Sem contar que em outras culturas no mundo, produzir muito significa ter mais status e reconhecimento social elevado. O que, como bem sabemos, aumenta nossos níveis de ansiedade, estresse, depressão, burnout e tantas outras doenças que afetam nossa saúde mental e física e, consequentemente, é claro, nossa qualidade de vida.

Sendo assim, Niksen, como descreve a autora, não é sentar e ler um livro, ou fazer meditação, yoga, respiração, etc. É simplesmente não fazer nada, evitando qualquer tipo de trabalho, concentração ou planejamento mental.  O que é muito difícil, pois atravessa sentimentos como a vergonha, a culpa e até mesmo a forma como nos vemos em nosso dia a dia. Mas, se conseguirmos "nikesear" por aí, teremos uma qualidade de vida maior, nos explica a autora. 

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Livro: Niksen - Abraçando a arte holandesa de não fazer nada

Editora Rocco

Autora: Olga Mecking

Páginas: 187

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