Aos poucos, saúde mental tem alcançado parcelas cada vez mais significativas de pessoas preocupadas com o próprio bem-estar e qualidade de vida, deixando de lado a antiga ideia de uma rotina de cuidados exclusiva aos grupos adeptos ao mundo fitness e saudável.
Segundo ferramentas de monitoramento de palavras e de marketing digital, aliás, o termo “saúde mental” costuma alcançar mais de 90 mil pesquisas no intervalo de um mês, afinal, ansiedade, estresse e pressão são comuns ao cotidiano e precisam de atenção.
Assim como eventos mais generalistas necessitam de cuidados, condições específicas e transtornos, por diversas vezes sequer conhecidos, demandam acompanhamento especializado e afetam diretamente a saúde.
Atma: meditações guiadas, músicas e sons relaxantes. Baixe agora!
“Agorafobia é um transtorno de ansiedade que se caracteriza pelo medo intenso e persistente de estar em locais ou situações de difícil escapatória ou nas quais a ajuda seja complexa devido ao pânico. Isso leva à evitação de tais lugares e pode restringir as atividades diárias”, comenta a psicóloga Cynara Barreto (CRP 06/81741)
Sintomas e causas da agorafobia
Segundo Cynara, a agorafobia pode causar impacto significativo na vida diária das pessoas, incluindo dificuldades para trabalhar, estudar, fazer compras e participar de eventos sociais. A psicóloga ressalta ainda os sintomas:
- Medo de situações específicas
- Evitação ativa
- Ataques de pânico
- Medo de ficar sozinho
- Ansiedade antecipatória
- Sintomas físicos
- Preocupação constante
“A agorafobia pode ter gatilhos variados, incluindo situações específicas, ataques de pânico anteriores, trauma passado, histórico familiar e estresse significativo. Ela frequentemente coexiste com outros transtornos de ansiedade. Seus impactos incluem isolamento social e restrições de mobilidade devido ao medo de ataques de pânico em público”, diz a psicóloga.
O impacto social e emocional da agorafobia
O transtorno pode impactar indivíduos significativamente de várias formas, seja no âmbito social ou emocional, e a especialista lista os principais tópicos em cada um deles:
O impacto social
- Isolamento Social: a agorafobia frequentemente leva a uma diminuição na participação em atividades sociais, como encontros com amigos e familiares, festas ou eventos comunitários. Isso ocorre porque as pessoas com agorafobia evitam situações sociais devido ao medo de ter ataques de pânico em público.
- Restrições de Mobilidade: o medo de determinados lugares ou situações pode resultar em restrições significativas na mobilidade da pessoa. Isso pode dificultar a busca de emprego, a realização de tarefas diárias, como fazer compras ou ir ao médico, e a participação em atividades cotidianas.
- Isolamento de Suporte Social: à medida que as pessoas evitam atividades sociais, seus laços com amigos e familiares podem enfraquecer, levando ao isolamento social. O isolamento pode tornar mais difícil a busca de apoio emocional e prático.
- Impacto na Educação e Carreira: a agorafobia pode afetar negativamente o desempenho educacional e a carreira de uma pessoa, especialmente se ela evitar situações relacionadas ao trabalho ou à escola.
Assine o Atma: mais de 1000 conteúdos exclusivos.
O impacto emocional
- Ansiedade Intensa: a agorafobia está frequentemente associada a altos níveis de ansiedade, especialmente o medo de ter ataques de pânico. Essa ansiedade constante pode ser emocionalmente exaustiva e debilitante.
- Baixa Autoestima: o isolamento social e a restrição de atividades podem levar a sentimentos de baixa autoestima e falta de realização, pois a pessoa pode se sentir incapaz de enfrentar situações comuns.
- Depressão: muitas pessoas com agorafobia desenvolvem depressão devido às restrições em suas vidas, à falta de atividades sociais e ao impacto emocional da ansiedade constante.
- Desesperança: a sensação de que a agorafobia é um problema insuperável pode levar a sentimentos de desesperança e desamparo.
- Limitações nas atividades do dia a dia: a agorafobia pode dificultar a realização de tarefas diárias simples, como fazer compras, ir ao trabalho ou à escola, ou cuidar da saúde física e emocional.
- Relações: a ansiedade e o isolamento social podem criar tensões nas relações familiares e de amizade, à medida que as pessoas com agorafobia podem se tornar menos disponíveis ou menos capazes de apoiar emocionalmente os outros.
Diagnóstico e tratamento
Segundo Cynara Barreto, o tratamento da agorafobia geralmente envolve uma abordagem multimodal que pode incluir terapia cognitivo-comportamental (TCC) e as terapias contextuais, como: Terapia de Aceitação e Compromisso e a Terapia Focada na Compaixão.
Em alguns casos, o uso de medicamentos, com excelentes resultados, quando em conjunto com a psicoterapia e estratégias de autocuidado. A profissional lista os principais componentes do tratamento da agorafobia:
- Exposição Gradual: a exposição controlada e gradual às situações temidas ajuda a pessoa a se habituar ao medo e a aprender que as situações não são tão ameaçadoras quanto parecem.
- Reestruturação Cognitiva: ajuda a identificar e substituir pensamentos negativos ou irracionais por pensamentos mais realistas e equilibrados.
- Técnicas de Relaxamento: aprender técnicas de relaxamento, como respiração profunda e relaxamento muscular progressivo, pode ajudar a reduzir a ansiedade.
- Medicamentos: em alguns casos, o médico pode prescrever medicamentos para ajudar a reduzir os sintomas de ansiedade e pânico.
Existem várias estratégias que as pessoas com agorafobia podem usar no dia a dia para ajudar no tratamento, incluindo:
- Manter um Diário: registrar pensamentos, sentimentos e comportamentos relacionados à agorafobia pode ajudar a identificar padrões e áreas de foco na terapia.
- Praticar a Exposição Gradual: a pessoa pode trabalhar com um terapeuta para criar um plano de exposição gradual e praticar situações que geram medo.
- Apoio Social: conversar com amigos e familiares sobre a agorafobia e buscar apoio emocional pode ser benéfico.
- Estilo de Vida Saudável: uma alimentação equilibrada, exercícios regulares e sono adequado podem ajudar a gerenciar a ansiedade.
“O tratamento da agorafobia geralmente requer acompanhamento regular com um terapeuta ou psiquiatra. O profissional de saúde mental pode ajustar a abordagem de tratamento conforme necessário e oferecer suporte contínuo”, conclui Cynara.