Como o cérebro se comporta com a morte de alguém que amamos?

Pesquisas revelam como as relações mais importantes de nossas vidas ficam registradas nos neurônios e que respostas o cérebro dá no momento do luto

25 jul 2024 - 14h01
(atualizado às 15h35)

O que acontece no nosso cérebro quando perdemos alguém que amamos? O processo de luto é vivenciado à exaustão. Sim, sentimos dor, saudade, atravessamos processos difíceis e há um momento de recolhimento. Mas e o que acontece, particularmente com nossos neurônios?

que acontece com o cérebro quando perdemos alguém querido?
que acontece com o cérebro quando perdemos alguém querido?
Foto: Canva / Bons Fluidos

O processo de luto no cérebro

Durante palestras ao redor do mundo, a professora de Psicologia e Psiquiatria Mary-Frances O'Connor  diz que o luto é "o preço que pagamos por amar alguém". A especialista afirma que perder  alguém querido é algo real. Assim, o vínculo afetivo está enraizado e codificado nos neurônios.

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Ela, que é autora do livro "O Cérebro de Luto" (Editora Principium), explica que, num momento tão difícil como este, q massa cinzenta tem as memórias da morte e de todos os ritos do momento, como o funeral e o enterro. Uma parte do sistema nervoso tem plena consciência do que aconteceu.

No entanto, de forma contraditória, há um fluxo diferente de informações que estão ligadas ao apego, ao amor por aquela pessoa. E são justamente estas estruturas neurais que fazem acreditar que a pessoa ainda estará ali conosco - mesmo outra parte do cérebro tendo a certeza de que ela morreu. Por fim, esse choque gera raiva e frustração. Sensações ambíguas que fazem parte do processo de luto.

Evento traumático

Nesse sentido, a neurologista Lisa M. Shulman, professora da Escola de Medicina da Universidade de Maryland, nos EUA, afirma, à BBC Brasil, que, sob a perspectiva da mente, a morte de alguém que amamos pode ser comparada a outros eventos traumáticos: "O cérebro possui um sistema de vigilância que é ativado diante de diferentes ameaças", diz a médica.

Esse sistema envolve partes neurais mais primitivas."Quando essas estruturas identificam algum nível de ameaça, elas disparam um alarme", afirma. Isso inclui aumento no cortisol, disparos no coração, perda de sono, alterações de apetite e tristeza.

 

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