No elenco do atual "Dança dos Famosos", do "Domingão com Huck", Rafa Kalimann decidiu falar sobre como a dança tem feito bem a sua saúde mental. A influenciadora sofre com síndrome do pânico há cinco anos.
"Na virada de ano, intensificou muito, então eu passei por uma fase delicada em relação a isso, mas cuidando muito, com acompanhamento médico, tudo muito certinho. Mas, de fato, foi uma diferença muito grande quando comecei a fazer o ‘Dança’, ativou algo aqui, dentro de mim, muito precioso, de me jogar, acho que algo novo... Me desafiar e a minha cabeça, tudo muda. Então, eu não tive crise de pânico [desde então]", afirmou.
Classificada como um dos tipos de transtorno de ansiedade, a síndrome se caracteriza pela ocorrência de episódios repentinos e intensos de medo ou desconforto físico. Muitos desses momentos são associados a sintomas como palpitações, sudorese, tremores, medo, falta de ar e sensação de morte iminente, conforme explica a psiquiatra Jaqueline Bifano.
Mas como a dança ajuda a minimizar esses sintomas?
Não se trata de dizer que a dança, isoladamente, pode atuar como um tratamento para problemas psicológicos. Jaqueline reforça que transtornos como a síndrome do pânico costumam ser multifatoriais e complexos, portanto, exigem tratamento multidisciplinar com acompanhamento profissional.
"No entanto, é possível afirmar que a prática regular de atividades físicas, como a dança, é benéfica para o bem-estar emocional e ajuda no tratamento de doenças psicológicas, unida a uma estratégia de tratamento individualizada e acompanhada por profissional devidamente capacitado - psiquiatra e psicólogo", destaca.
Esquema de recompensa
Ao falar sobre a importância da competição em seu quadro de saúde, Rafa destacou como se sente impulsionada pelos desafios. "É quase uma tabelinha para mim. É uma vitória quando consigo superar isso, dia após dia. Então, o Dança está me fazendo muito bem", disse, emocionada.
Para a também psiquiatra Julia Trindade, pós-graduada em Neurociências do Comportamento, isso faz todo sentido. A profissional explica que, ao se colocar em um cenário de exposição, treinar, instituir e superar metas, a pessoa desperta a sensação do esquema de recompensa. "Novos desafios podem ajudar justamente por criar novos estímulos, criar novas conexões", resume.
"Além de tudo, tem muito a questão da respiração. Pra eu dançar, eu preciso respirar e quem tem ataque de pânico, começa a hiperventilar, o ar não vai entrando", completa a médica que vê na prática da dança um combo para quem sofre com esse tipo de transtorno por oferecer a sensação de êxito em uma atividade, o exercício físico e melhorar a respiração.
Qual o tratamento convencional para quem sofre com síndrome do pânico?
Além do acompanhamento com psicólogo e psiquiatra, o indivíduo pode fazer uso de medicamentos ansiolíticos, antidepressivos e terapia cognitivo-comportamental. Terapias complementares, como a medicação e o relaxamento muscular progressivo também são indicadas. Já a prática de atividade física, para Julia, é essencial. "Um dos pilares do tratamento", ressalta.