Estima-se que até 5% da população mundial vive com a bipolaridade. Dados de 2019 da Organização Mundial da Saúde (OMS) apontaram que o problema atinge cerca de 140 milhões de pessoas no mundo. A doença atinge mais os jovens, sobretudo entre os 15 e 25 anos. No entanto, o último estudo epidemiológico apontou para um pico tardio entre 45 e 55 anos.
Conforme lembra o médico pós-graduado em psiquiatria Dr. Vital Fernandes Araújo, o transtorno bipolar é uma doença do cérebro que causa mudanças anormais de humor, energia e níveis de atividade. Além disso, a condição afeta a capacidade de levar adiante tarefas do dia a dia.
Ele lembra que a causa exata da bipolaridade é desconhecida. Porém, estudos sugerem que o problema pode estar associado a alterações em certas áreas do cérebro e nos níveis de vários neurotransmissores, como noradrenalina e serotonina.
"É importante dizer que esse desequilíbrio reflete uma base genética ou hereditária para o transtorno, que tem como principais características episódios depressivos alternados com episódios de euforia (também chamada de mania ou hipomania, dependendo da intensidade e da duração) e casos em que há uma mescla dos episódios depressivos com os de euforia", explica.
Sintomas da bipolaridade
Conforme o Dr. Vital, o transtorno da bipolaridade pode apresentar diferentes sintomas, a depender da fase que se encontra o paciente. Segundo ele, os sinais característicos da fase de euforia incluem:
- Sensação de extremo bem-estar;
- Aceleração do pensamento e da fala;
- Agitação e hiperatividade;
- Diminuição da necessidade de sono;
- Aumento da energia;
- Diminuição da concentração;
- Euforia ou irritabilidade;
- Desinibição;
- Impulsividade;
- Ideias de grandiosidade e sensação de poder.
Já os sintomas característicos da fase de depressão são:
- Alterações de apetite com perda ou ganho de peso;
- Humor deprimido na maior parte dos dias;
- Fadiga ou perda de energia;
- Apatia, perda de interesse ou prazer;
- Pensamentos recorrentes de morte ou suicídio;
- Agitação ou retardo psicomotor;
- Sentimentos de culpa ou inutilidade;
- Desânimo e cansaço mental;
- Tendência ao isolamento tanto social como familiar;
- Ansiedade e irritabilidade.
Diagnóstico e tratamento
Vital destaca que o diagnóstico da bipolaridade costuma ser bastante difícil e pode demorar até dez anos para acontecer. Isso porque o paciente muitas vezes está sujeito a tratamentos equivocados, ausência de comunicação entre os profissionais envolvidos e desconhecimento sobre como a doença se manifesta, tanto por ser pouco conhecida quanto pela confusão dos seus sintomas com os de outros tipos de depressão, preconceito e auto estigmatização.
"O histórico do indivíduo é decisivo para o diagnóstico, já que alterações de humor anteriores, episódios atuais ou passados de depressão, histórico familiar de perturbação do humor ou suicídio e ausência de resposta ao tratamento com antidepressivos alertam para o diagnóstico do transtorno bipolar", comenta o especialista.
Ainda conforme o médico, o transtorno bipolar não tem cura, mas pode ser controlado. O tratamento inclui o uso de medicamentos, psicoterapia e mudanças no estilo de vida, tais como o fim do consumo de substâncias psicoativas (cafeína, anfetaminas, álcool e cocaína, por exemplo), o desenvolvimento de hábitos saudáveis de alimentação e sono e redução dos níveis de estresse.