Pode ser estranho pensar, mas o medo não é algo ruim e, muito menos, prejudicial, desde que não seja paralisante. Ele é uma reação natural do organismo quando se vê frente a uma situação nova, desconhecida ou desafiadora. A principal função é nos proteger, agindo como um aviso para podermos nos preparar para uma situação de risco.
De acordo com o psicólogo e psiquiatra Dr. Catulo Cesar Barros, as relações entre a amígdala (estrutura localizada no centro do cérebro) e o hipotálamo, também no cérebro, estão intimamente ligadas às sensações de medo e raiva.
"A amígdala é responsável pela detecção, geração e manutenção das emoções relacionadas ao medo, bem como pelo reconhecimento de expressões faciais de medo e coordenação de respostas apropriadas à ameaça e ao perigo", esclarece.
Medo faz parte da história
O medo existe desde a nossa origem e, talvez, até muito antes dela. "Tanto a raiva quanto o medo são considerados estados de preparação do organismo para enfrentar situações desconhecidas. Surgiram, provavelmente, há centenas de milhões de anos, com os primeiros répteis que escaparam de seus predadores e se espalharam pelo mundo. E continuam existindo em muitos animais, incluindo os mamíferos, entre eles, o ser humano", conta o psiquiatra.
Diferença entre medo saudável e patológico
O medo é benéfico quando auxilia o indivíduo a se adaptar às circunstâncias do ambiente. Por exemplo, quando há um perigo real e imediato a ser enfrentado, explica o Dr. Catulo Cesar Barros. "Ele se torna patológico quando se refere a um estímulo do ambiente que não se constitui em uma verdadeira ameaça, embora desencadeie as mesmas emoções de um perigo real. Neste caso, passa a se denominar fobia", diferencia.
As fobias são determinadas pelos medos persistentes e irracionais em relação a um objeto específico, atividade ou situação, mas que, na realidade, não apresentam perigo algum. Esse medo exagerado resulta em uma necessidade incontrolável de evitar este estímulo. Se isto não é possível, o confronto é precedido por ansiedade antecipatória e realizado com grande sofrimento e comprometimento do desempenho.
Tipos de fobias
Existem diversos tipos de fobias, que podem ser divididos de acordo com a causa do transtorno. De acordo com o Dr. Catulo Cesar Barros, as principais fobias podem ser divididas em: agorafobia, síndrome do pânico e fobia social. Veja abaixo:
Agorafobia
Designa medo de diversas situações: sair ou ficar desacompanhado, entrar em lojas, mercados, lugares públicos abertos ou fechados, transporte coletivo, carros, andar em vias expressas e congestionamentos. "Nos casos mais graves, o paciente não consegue sair de casa, ou só pode fazê-lo acompanhado, gerando grande comprometimento da vida pessoal e familiar. Uma avaliação mais fina mostra que ele não teme as situações, mas tem medo de sentir sensações corporais de ansiedade ou crises de pânico nelas. Este medo do medo é a característica fundamental da agorafobia", explica o especialista.
Síndrome do pânico
É a denominação utilizada para o conjunto de manifestações englobadas pelos conceitos de transtorno de pânico e agorafobia.
Fobia social
É o medo excessivo de situações em que a pessoa possa ser observada ou avaliada pelos outros, pelo temor de se comportar de modo embaraçoso ou humilhante. "Se for impossível evitar a situação, ele apresenta ansiedade patológica, podendo chegar a um ataque de pânico. As situações mais comuns são: participar de festas ou reuniões, ser apresentado a alguém, iniciar ou manter conversas, falar com pessoas em posição de autoridade, receber visitas em casa, ser observado durante alguma atividade (comer, beber, falar, votar, usar o telefone), ser objeto de brincadeiras ou gozações e usar banheiros públicos", descreve.
Sintomas das fobias
Os sintomas dessas fobias são semelhantes ao chamado ataque de pânico. Isto é, devem estar presentes sintomas como palpitações, taquicardia, sudorese, tremores e boca seca. Também podem estar acompanhados de outros sintomas, tais como:
- Dispneia (sensação de falta de ar);
- Engasgo;
- Precordialgia;
- Náusea;
- Desconforto abdominal;
- Tontura;
- Desrealização;
- Medo de morrer ou perder o controle;
- Rubor ou alterações de sensibilidade.
Tratamento para o problema
O tratamento mais eficaz e rápido é com a ajuda de um psiquiatra, especialista em distúrbios das emoções. "O psiquiatra utilizará antidepressivos no tratamento, pois são medicamentos que irão estabilizar neurotransmissores, que controlam a química das emoções, nas áreas cerebrais responsáveis", esclarece o Dr. Catulo Cesar Barros.
Associados a estes medicamentos pode ser feito um tipo de terapia comportamental-cognitiva, chamada terapia de exposição. "Combinada com técnicas de relaxamento, essa terapia é muito eficaz e proporciona ao indivíduo um sentimento de controle da fobia", acrescenta o médico psicólogo. É importante frisar que todos os casos de fobias devem e podem ser tratados, sempre que se constituir em obstáculo para uma melhor qualidade de vida para o portador.