Uso de remédios psiquiátricos atinge 82% de crianças e jovens até 17 anos, com destaque para TDAH e antidepressivos.
O uso de remédios para tratamentos psiquiátricos atinge 82% de crianças e jovens até 17 anos, de acordo com levantamento realizado pela Far.me. O estudo, que analisou dados de janeiro a setembro de 2024 de crianças e adolescentes que fazem uso recorrente de medicamentos, chama a atenção para alta utilização de medicamentos para este tipo de tratamento na faixa etária mais jovem.
Entre os dados mais expressivos da pesquisa, organizada pela farmácia on-line por assinatura que usa tecnologia para facilitar a adesão ao tratamento para quem faz uso contínuo de remédios, destaca-se o uso de medicamentos para Transtorno de Déficit de Atenção com Hiperatividade (TDAH), em que os meninos utilizam duas vezes mais medicamentos que as meninas.
O metilfenidato, principal medicamento para o tratamento de TDAH, é consumido por 16% dos meninos e 7% das meninas. O que chama atenção dado a dificuldade de diagnosticar o TDAH em meninas. No total, o TDAH representa 11% de todos os medicamentos utilizados por jovens no estudo.
Além disso, 44% dos jovens que fazem uso recorrente de medicamentos consomem antidepressivos, com destaque para sertralina, escitalopram e fluoxetina, indicados para o tratamento de depressão e ansiedade. Entre os antidepressivos, os percentuais de uso são equilibrados entre meninos e meninas, indicando uma preocupação crescente com a saúde mental de ambos os gêneros.
Outro dado relevante é a alta prevalência de medicamentos para transtornos mais graves, como esquizofrenia e transtorno bipolar. Medicamentos como risperidona, quetiapina e aripiprazol são amplamente utilizados, com 12% dos jovens fazendo uso da risperidona, em especial. Isso demonstra um aumento significativo no diagnóstico e tratamento de transtornos psiquiátricos em idades precoces.
“Os dados revelam um cenário preocupante, em que transtornos como TDAH e depressão estão sendo tratados em crianças cada vez mais jovens. Essa realidade reforça a importância de promovermos uma conscientização mais ampla sobre a saúde mental, principalmente no Dia Mundial da Saúde Mental. Embora o tratamento precoce seja essencial, também precisamos garantir que esses jovens recebam o suporte familiar e psicológico necessários para enfrentar esses desafios de forma saudável”, afirma Rafael Mandelbaum, CEO da Far.me.
O estudo destaca, ainda, a necessidade de ampliar o debate sobre a saúde mental de crianças e adolescentes e a importância do acompanhamento psicológico e médico contínuo para evitar a automedicação e garantir que o tratamento seja o mais completo possível.