O impacto das redes sociais na nossa saúde mental e comportamento cotidiano é inegável. Recentemente, o anúncio de suspensão da plataforma X (antigo Twitter), provocou uma forte reação entre os usuários da rede social.
Adeus Twitter/ O TWITTER MORREU
Se o twitter acabar onde vamos fazer memes com o mundo todo e saber as fofocas do mundo do entretenimento em primeira mão? pic.twitter.com/lo7yUIOvEb
— TuitaWill III 🕺🏻 (@TuuitaWill) August 29, 2024
Termos como "fomo", "jomo" e "fobo" foram criados para refletir as complexidades das emoções e escolhas que estar conectado 24h por dia pode trazer para as nossas vidas.
Em entrevista ao Terra Você, a médica psiquiatra, Cíntia Braga, conta como esses fenômenos afetam o nosso bem-estar emocional e oferece estratégias para manter um equilíbrio saudável no uso das redes sociais.
FOMO
O FOMO (medo de estar perdendo/deixando passar as coisas, em tradução livre), geralmente relacionado a notícias e acontecimentos online, é um fenômeno que se iniciou com o advento da internet e, principalmente, das redes sociais.
A médica explica que a pessoa acometida por ele pode apresentar sintomas como ansiedade, inquietação, insônia, procrastinação e deixar relações sociais e afetivas de lado para acompanhar o que se desenrola nas redes.
JOMO
Em contrapartida, o conceito de JOMO (a alegria de deixar passar, também em tradução livre), surge como uma reação que muitas pessoas desenvolveram à necessidade de estarem conectadas e atentas a tudo 100% do tempo.
“Algumas pessoas sentem como se passassem por uma verdadeira libertação de uma prisão à qual ela mesma se prendeu. Esse afastamento faz-se necessário quando a pessoa não dá conta de controlar o tempo que entrega para as redes ou quando esse tempo traz malefícios ao seu funcionamento”, explica a especialista.
FOBO
Já o FOBO (medo de opções melhores, em tradução livre) pode levar a uma paralisia de escolha e a sentimentos de insatisfação. A médica cita como exemplo pessoas que passam horas escolhendo filmes em streamings ou lugares para onde ir, e acabam desistindo por medo de não escolher a melhor opção.
“Uma estratégia interessante é entender que quando optamos por uma coisa, necessariamente deixamos de ter outra. Parece meio óbvio, mas isso é justamente uma das causas que nos leva a ter dificuldade de escolher - não queremos perder nada. Ponderar sobre as opções é muito importante”, enfatiza a médica.
Pensar que todas as escolhas terão consequências boas ou não tão boas e pesar qual resultado será mais favorável e desejado, também é uma opção.
“Em relação à escolha de coisas, por exemplo, uma boa ideia é fazer listas - e tê-las à mão - de indicações, de desejos, de necessidades. Dessa forma, podemos nos orientar melhor para escolher o que faz mais sentido e não ficamos perdidos no meio da miríade de opções”, recomenda.
A médica destaca que não é fácil encontrar um equilíbrio nas relações com a vida online. Entretanto, o limite do uso das redes é algo controlável pelo indivíduo, mesmo que gere desconforto ou algum esforço. “É ilusão e ingenuidade achar que vai obter algum resultado diferente fazendo sempre a mesma coisa”, conclui.