A interação e a capacidade de relacionamento são certamente pilares da experiência humana, baseada na comunicação e na troca de informações para o próprio desenvolvimento. Com isso, ao longo do tempo, as pessoas foram capazes de criar conexões saudáveis que não apenas ofereciam apoio social ou emocional, como caracterizavam o senso de pertencer. Ainda assim, dificuldades para lidar com o outro não são exatamente casos isolados e podem acabar gerando uma condição chamada ansiedade social ou fobia social.
Apesar de a população brasileira ser conhecida com altamente receptiva e calorosa, ela também é uma das mais ansiosas do mundo, como já apontou a Organização Mundial da Saúde, mas o que é a ansiedade social? A psicóloga Adriane Camillo (CRP 06/81407) explica o que ela é e seus sintomas.
“A ansiedade social, também conhecida como fobia social, é um tipo de ansiedade intensa que ocorre em diversas situações sociais, sejam elas relacionadas às interações sociais ou ao desempenho, e resulta em sofrimento excessivo ou impacto significativo na vida diária da pessoa. Essa condição envolve o medo de ser avaliado negativamente e uma sensação de incapacidade de se comportar de forma adequada, levando às situações embaraçosas e ao receio de desaprovação e rejeição por parte dos outros”, conta a especialista.
A psicóloga diz ainda que, nesse panorama, há dois subtipos de fobias, classificadas como generalizada, quando o indivíduo teme ou evita a maioria, se não todas, as situações sociais; e a circunscrita, uma ansiedade mais restrita, de situações específicas como dirigir ou falar em público. Adriane também cita os sintomas proeminentes, conforme Manual Diagnóstico e Estatístico de Transtornos Mentais (DSM-5), e reforça que o diagnóstico tem a ver também com a persistência deles:
- Experimentar um medo intenso ou uma ansiedade excessiva em situações sociais onde a pessoa pode ser observada ou avaliada por outros;
- Manter uma preocupação persistente acerca de ser julgado negativamente por terceiros;
- Sentir um receio em relação às situações sociais ou evitá-las ativamente;
- Vivenciar ansiedade ou angústia excessiva antes, durante ou após as situações sociais temidas;
- Reconhecer que o medo experimentado é excessivo ou irracional;
- Observar uma interferência significativa nas atividades cotidianas, no desempenho no trabalho, na escola ou nos relacionamentos devido à ansiedade social.
Como impacta o desenvolvimento individual e a qualidade de vida
“A ansiedade social pode ter um efeito significativo no desenvolvimento individual devido a uma série de razões. Primeiramente, ela tende a minar a autoestima e a autoimagem, fazendo com que a pessoa desenvolva uma visão negativa de si mesma. Além disso, a evitação de situações sociais limita as oportunidades de aprendizado e prática de habilidades sociais essenciais para o desenvolvimento pessoal e profissional.
No contexto educacional e profissional, o medo de interações sociais pode prejudicar o desempenho acadêmico e limitar as oportunidades de crescimento. A ansiedade social também pode dificultar a tomada de decisões e a expressão de opiniões, afetando negativamente a capacidade de lidar com desafios e conflitos”, conta Adriane.
Quanto ao bem-estar, a especialista enfatiza: “A evitação de eventos sociais e atividades de lazer devido à ansiedade social restringe as oportunidades de fazer novas amizades, expandir redes de apoio e experimentar novas experiências. A fobia social pode limitar a busca de independência e autonomia, como morar sozinho, viajar ou tomar decisões importantes. Isso resulta em um impacto geral no bem-estar emocional, com maior risco de depressão e outros problemas de saúde mental. Por fim, a ansiedade social pode dificultar a realização de metas pessoais e a autorrealização, impedindo o crescimento e a satisfação pessoal”.
Tratamento adequado
Para encerrar, a psicóloga lembra que a busca por apoio profissional é parte essencial do tratamento, uma vez que a experiência médica fará toda a diferença na abordagem e no acompanhamento.
“A abordagem mais eficaz envolve a combinação de tratamento farmacológico e psicoterapia como a cognitivo-comportamental e as terapias contextuais: a terapia de aceitação e compromisso, e a terapia focada na compaixão. O tratamento farmacológico inclui uma variedade de medicamentos, dependendo da avaliação do psiquiatra. Cada paciente recebe uma prescrição personalizada.
Da mesma forma, o tratamento psicoterapêutico é adaptado a cada paciente, de acordo com a avaliação do psicoterapeuta. Pode envolver o treinamento de habilidades sociais, técnicas de relaxamento, exposição às situações temidas e a modificação de padrões de pensamentos distorcidos”, encerra a especialista.
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