O que é 'doomscrolling'? Como excesso de notícias negativas pode causar danos no cérebro

Termo ganhou popularidade na pandemia; característica do cérebro humano faz com que prestemos mais atenção a informações preocupantes.

27 nov 2024 - 05h00
(atualizado às 10h55)
Mulher preocupada olhando notícias no celular.
Mulher preocupada olhando notícias no celular.
Foto: Freepik

Você já começou o dia pegando o celular e passando minutos ou até horas olhando manchetes de notícias negativas e preocupantes? Se sim, você pode estar praticando o "doomscrolling", um comportamento que se tornou comum e que consiste em consumir incessantemente notícias negativas.

Com guerras em andamento, tragédias climáticas e um ambiente político cada vez mais polarizado, é comum que uma avalanche de informações negativas nos bombardeie diariamente. O problema é que para muitos, isso resulta em um ciclo compulsivo de leitura de más notícias.

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O que é doomscrolling?

O termo que combina as palavras "doom" (desgraça) e "scrolling" (rolar a tela) ganhou popularidade durante a pandemia de Covid-19, quando as pessoas passaram a acompanhar obsessivamente o número de casos e mortes. 

Em 2020, ele foi reconhecido pelo Dicionário Oxford como uma das palavras do ano. Segundo especialistas de Harvard, o doomscrolling é hoje uma ameaça significativa para a saúde mental e física.

"O acesso facilitado e os algoritmos das plataformas digitais contribuem para isso, pois priorizam conteúdos sensacionalistas, que prendem a atenção e geram engajamento", explica a psiquiatra Cintia Braga em entrevista ao Terra Você.

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A médica conta que além disso, o viés de negatividade, uma característica natural do cérebro humano, faz com que prestemos mais atenção a informações preocupantes. "Evolutivamente, isso foi essencial para a sobrevivência, pois detectar ameaças aumentava as chances de evitar perigos", afirma. 

Como o cérebro reage ao consumo excessivo de más notícias?

Braga diz que o doomscrolling afeta diretamente o sistema límbico, a região do cérebro que regula emoções e respostas de sobrevivência. A amígdala, responsável por processar o medo e identificar ameaças, pode ficar hiperativa, gerando um estado de alerta constante. Já o córtex pré-frontal, que controla nossas emoções e decisões, pode ter sua capacidade de regular a ansiedade comprometida.

"Essa sobrecarga também libera altos níveis de cortisol, o hormônio do estresse, o que impacta negativamente o hipocampo, área responsável pela memória e aprendizado", explica Cintia. 

O resultado pode incluir sintomas como ansiedade crônica, insônia, irritabilidade e até problemas físicos, como dores de cabeça e tensão muscular.

Como identificar que o doomscrolling está prejudicando sua saúde?

Os sinais de que o hábito está afetando negativamente sua saúde mental incluem:

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  • Aumento da ansiedade ou sensação de angústia após consumir notícias.
  • Insônia ou dificuldade para adormecer, especialmente se o consumo ocorre antes de dormir.
  • Irritabilidade, cansaço mental e sensação de estar sobrecarregado.
  • Dificuldade de concentração e memória prejudicada.
  • Negligência com atividades importantes do dia a dia devido ao tempo excessivo gasto em redes sociais ou sites de notícias.

Estratégias para quebrar o ciclo

Superar o hábito exige uma abordagem consciente e disciplinada. Confira algumas dicas da psiquiatra:

  • Estabeleça limites de tempo: Use aplicativos para monitorar e restringir o tempo gasto em redes sociais ou sites de notícias.
  • Consuma notícias de forma programada: Defina horários específicos para se informar e evite acessar notícias antes de dormir.
  • Desative notificações: Reduza distrações desnecessárias e impeça que conteúdos negativos interrompam sua rotina.
  • Pratique atividades relaxantes: Inclua meditação, mindfulness ou exercícios físicos no seu dia a dia para aliviar o estresse.
  • Desconecte-se intencionalmente: Reserve momentos para hobbies, leitura ou interações sociais presenciais.
  • Busque ajuda profissional: Se o doomscrolling estiver afetando significativamente sua qualidade de vida, um psicólogo ou psiquiatra pode ajudar a desenvolver estratégias mais personalizadas.

Adotar uma relação mais saudável com o consumo de informações não significa ignorar o mundo ao seu redor, mas sim proteger sua saúde mental enquanto se mantém informado.

Fonte: Redação Terra Você
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