Paola Carosella relembra assédio aos 12 anos e fala sobre infância: 'Foi solitária e triste'

Cozinheira contou fazer terapia há 25 anos; pai de Paola foi diagnosticado com bipolaridade e a mãe, com depressão

3 nov 2024 - 10h57

*Alerta: a reportagem abaixo trata de temas como transtornos mentais, assédio e pedofilia, o que pode ser gatilho para algumas pessoas. Se você está passando por sofrimento psíquico, veja ao fim do texto onde buscar ajuda. Para denunciar abusos, além das forças policiais, o governo disponibiliza o disque-denúncia: basta ligar no 180 (Central de Atendimento à Mulher).

A cozinheira Paola Carosella narrou momentos difíceis que enfrentou na infância em uma entrevista publicada neste domingo, 3, no jornal O Globo. Paola, que nasceu em Buenos Aires, na Argentina, relembrou o assédio que sofreu em um ônibus e a relação com a família: seu pai foi diagnosticado com bipolaridade e a mãe, com depressão.

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A cozinheira - ela prefere não ser chamada de chef de cozinha - foi assediada em um ônibus aos 12 anos de idade, quando um homem se masturbou ao seu lado. Questionada sobre "o que aprendeu" com o ocorrido, Paola declarou: "Talvez eu tenha aprendido que a rua é um lugar perigoso". "Claro que foi violento, a pessoa estava transtornada. Mas não sofri assédios como outras mulheres, tive sorte nesse aspecto", disse.

Paola Carosella em seu restaurante Arturito. Cozinheira relembrou assédio que sofreu aos 12 anos.
Paola Carosella em seu restaurante Arturito. Cozinheira relembrou assédio que sofreu aos 12 anos.
Foto: Leo Martins/Estadão / Estadão

Paola descreveu sua infância como "solitária e triste", e contou fazer terapia há 25 anos. "Quando penso (na infância), sinto um nó na barriga. Quanto mais terapia a gente faz, mais fácil fica admitir e reconhecer o que não foi legal. Sobretudo porque hoje há o contraste. Tenho um lar de paz, saudável. Minha filha cresce com liberdade, sem loucura", afirmou.

A cozinheira ainda disse ter crescido em "uma família disfuncional, autoritária, machista". Ela contou que não lida mais com o luto pela morte do pai, mas carregou a dor pela perda da mãe "por anos" — a mãe de Paola foi encontrada morta em uma piscina. "Ainda tenho muitos cantos para tirar dos lugares escuros", disse.

"Há buracos na vida de quem não tem família, sobretudo quando é imigrante. Mas sou guerreira e preenchi esses buracos com amigos, amores e minha filha", compartilhou Paola, que fez sucesso como jurada do programa Masterchef Brasil, da Band, e atualmente apresenta o Alma de Cozinheira, da GNT. Ela comanda ainda o restaurante Arturito e a rede La Guapa.

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Onde buscar ajuda

Se você está passando por sofrimento psíquico ou conhece alguém nessa situação, veja abaixo onde encontrar ajuda:

Centro de Valorização da Vida (CVV)

Se estiver precisando de ajuda imediata, entre em contato com o Centro de Valorização da Vida (CVV), serviço gratuito de apoio emocional que disponibiliza atendimento 24 horas por dia. O contato pode ser feito por e-mail, pelo chat no site ou pelo telefone 188.

Canal Pode Falar

Iniciativa criada pelo Unicef para oferecer escuta para adolescentes e jovens de 13 a 24 anos. O contato pode ser feito pelo WhatsApp, de segunda a sexta-feira, das 8h às 22h.

SUS

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Os Centros de Atenção Psicossocial (Caps) são unidades do Sistema Único de Saúde (SUS) voltadas para o atendimento de pacientes com transtornos mentais. Há unidades específicas para crianças e adolescentes. Na cidade de São Paulo, são 33 Caps Infantojuventis e é possível buscar os endereços das unidades nesta página.

Mapa da Saúde Mental

O site traz mapas com unidades de saúde e iniciativas gratuitas de atendimento psicológico presencial e online. Disponibiliza ainda materiais de orientação sobre transtornos mentais.

NOTA DA REDAÇÃO: Suicídios são um problema de saúde pública. Antes, o Estadão, assim como boa parte da mídia profissional, evitava publicar reportagens sobre o tema pelo receio de que isso servisse de incentivo. Mas, diante da alta de mortes e tentativas de suicídio nos últimos anos, inclusive de crianças e adolescentes, o Estadão passa a discutir mais o assunto. Segundo especialistas, é preciso colocar a pauta em debate, mas de modo cuidadoso, para auxiliar na prevenção. O trabalho jornalístico sobre suicídios pode oferecer esperança a pessoas em risco, assim como para suas famílias, além de reduzir estigmas e inspirar diálogos abertos e positivos. O Estadão segue as recomendações de manuais e especialistas ao relatar os casos e as explicações para o fenômeno.

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