Pensar muito pode causar dor, revela estudo

Esforço mental parece estar associado a sensações desagradáveis

6 ago 2024 - 09h04
(atualizado às 09h43)
Quanto maior o esforço mental, maior tende a ser o desconforto
Quanto maior o esforço mental, maior tende a ser o desconforto
Foto: iStock / Jairo Bouer

Se alguém lhe disser que está sentindo dor de tanto pensar, é possível que não seja exagero. De acordo com uma pesquisa publicada pela Associação Americana de Psicologia, o esforço mental parece estar associado a sensações desagradáveis em muitas situações.

Muita gente gosta de tarefas mentalmente desafiadoras, e professores constumam incentivar seus alunos a buscá-las. Mas, de acordo com pesquisadores da Universidade Radboud, nos Países Baixos, as pessoas, de um modo geral, não gostam muito de fazer esforço mental.

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Esforço mental para diferentes pessoas

No trabalho publicado no Psychological Bulletin, os pesquisadores realizaram uma meta-análise de 170 estudos, publicados entre 2019 e 2020 e envolvendo 4.670 participantes, para examinar como as pessoas experimentam o esforço mental.

O objetivo era testar se o esforço mental estaria associado a sensações desagradáveis e se essa associação dependeria da tarefa ou da população envolvida.

Os estudos utilizaram uma variedade de participantes (como funcionários da saúde, militares, atletas amadores, estudantes universitários etc) de 29 países e envolveram 358 tarefas cognitivas diferentes (por exemplo: aprender uma nova tecnologia, encontrar o caminho em um ambiente desconhecido, praticar tacadas de golfe ou jogar um jogo de realidade virtual).

Em todos os estudos analisados, os participantes relataram o nível de esforço que exerceram, bem como a extensão em que experimentaram sentimentos desagradáveis, como frustração, irritação, estresse ou aborrecimento.

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Em todas as populações e tarefas, quanto maior o esforço mental, maior o desconforto experimentado pelos participantes.

Muita gente acha desagradável 

"Nossas descobertas mostram que o esforço mental é desagradável em uma ampla gama de populações e tarefas," disse o autor sênior, Erik Bijleveld.

Isso é importante para profissionais, como engenheiros e educadores, terem em mente ao projetar tarefas, ferramentas, interfaces, aplicativos, materiais ou instruções. Quando as pessoas precisam exercer um esforço mental substancial, é necessário garantir que elas sejam apoiadas ou recompensadas por seus esforços."

Aversão depende da história de cada um

Uma descoberta interessante, de acordo com Bijleveld, foi que, embora a associação entre esforço mental e sentimentos adversos ainda fosse significativa, ela era menos pronunciada em estudos realizados em países asiáticos em comparação com aqueles na Europa ou América do Norte.

Isso se alinha com a ideia geral de que a aversão ao esforço mental pode depender da história de aprendizagem das pessoas. Estudantes do ensino médio em países asiáticos tendem a passar mais tempo com tarefas escolares do que seus colegas europeus ou norte-americanos e, portanto, podem aprender a suportar níveis mais altos de esforço mental desde cedo em suas vidas.

Mais importante é a observação no mundo real de que, apesar da natureza aversiva das tarefas mentalmente desafiadoras, as pessoas ainda se envolvem voluntariamente nelas. Gostar de jogar xadrez é um bom exemplo, segundo o pesquisador.  

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"No entanto, quando as pessoas escolhem atividades mentalmente exigentes, isso não deve ser tomado como uma indicação de que elas gostam do esforço mental em si. Talvez as pessoas escolham atividades mentalmente exigentes apesar do esforço, e não por causa dele."

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