A campanha Setembro Amarelo, inserida no calendário brasileiro desde 2013, foi criada para dar visibilidade aos cuidados com a saúde mental. Portanto, ela promove a importância do diagnóstico e tratamento corretos de transtornos mentais comuns, como a depressão e a ansiedade. E, quando falamos em tratamento, o canabidiol (ou CBD - substância presente na cannabis), demonstra ter um grande potencial terapêutico.
CBD no tratamento da ansiedade e depressão
O CBD pode atuar de várias maneiras para reduzir os sintomas da ansiedade e da depressão, afirma o neuropediatra Dr. Flavio Geraldes Alves, Presidente da Associação Pan-Americana de Medicina Canabinoide (APMC) e consultor médico da NuNature Labs.
"No caso da depressão, o CBD pode, através da regulação do sistema endocanabinoide, aumentar a disponibilidade de neurotransmissores como a serotonina e a dopamina, que estão envolvidos na regulação do humor. Também inibe a inflamação, que pode contribuir para o desenvolvimento da depressão", explica.
No caso da ansiedade, o CBD pode ativar os receptores de canabinoides no sistema endocanabinoide, que regulam o humor, o estresse e a ansiedade. Dessa forma, a substância inibe a liberação de neurotransmissores como o cortisol e a norepinefrina. Eles, por sua vez, estão envolvidos na resposta ao estress. O CBD também aumenta a produção de serotonina, que tem efeitos ansiolíticos, detalha o especialista.
Além disso, Flavio explica que o CBD se difere de outras medicações comuns a esses tratamentos. Isso porque ele tenta trazer a homeostase ao (equilíbrio) nosso organismo, geralmente com menos efeitos colaterais em relação às medicações ansiolíticas/antidepressivas de escolha.
Prevenção ao suicídio
De acordo com a Dra. Natália Mira, psiquiatra e gerente médica da área de Neurociências, da Ease Labs, estudos científicos já demonstraram os efeitos terapêuticos do CBD no tratamento de diversas doenças neuropsiquiátricas. Ela destaca, em especial, transtornos ansiosos, psicóticos e por abuso de substâncias, que costumam ser prevalentes em pessoas com tendências suicidas.
Uma pesquisa recente da Universidade de Melbourne, na Austrália, também demonstrou que o tratamento com canabidiol melhorou sintomas ansiosos e depressivos de jovens de 12 a 25 anos. Vale destacar que o suicídio é a segunda princiapl causa de morte entre jovens de 15 a 29 anos, indica um relatório de maio de 2023 da Organização Mundial da Saúde (OMS).
Outras pesquisas mostram que de 85% a 95% das pessoas que morrem por suicídio têm um transtorno de saúde mental diagnosticável no momento da morte, lembra Natália Mira. Segundo ela, o adoecimento mental e o sofrimento emocional distorcem a realidade e limitam os pensamentos que ficam restritos aos pensamentos de morte.
"Por isso, é importante falar sobre o assunto. Assim, as pessoas que estejam passando por momentos difíceis podem buscar ajuda e perceber as possibilidades que ainda existem e das quais elas podem lançar mão", destaca a psiquiatra. Ela alerta: doença mental é coisa séria. "É essencial identificar o problema e buscar os diversos tratamentos e modos saudáveis de combatê-lo", complementa.
"Melhorando a saúde mental, melhoramos a nossa qualidade de vida como um todo. Assim, temos mais disposição para nossas atividades laborais, acadêmicas e familiares, melhorando o nosso bem-estar como um todo", conclui o Dr. Flavio Geraldes Alves.
Serviço - Centro de Valorização da Vida (CVV)
O Centro de Valorização da Vida (CVV) realiza apoio emocional e prevenção do suicídio. A organização atende de forma voluntária e gratuita todas as pessoas que querem e precisam conversar, sob total sigilo. O atendimento ocorre telefone, e-mail, ou chat, 24 h por dia todos os dias. A ligação, em parceria com o SUS, é gratuita e deve ser feita pelo 188.