Whindersson Nunes fez um longo desabafo em seu X (antigo Twitter) na noite de domingo (02/06). O comediante revelou uma tentativa de suicídio - na qual, segundo ele, a arma falhou. No relato, também contou ter sido vítima de abuso na infância.
"Fiquem tranquilos, pessoal. Eu estou bem, apesar de sempre que eu mantenho minha opinião. Vocês dizerem que 'estou lombrado ou surtado', ou pra eu ir a um psiquiatra. Eu vou a um e me trato muito bem, ele é um profissional muito legal, nunca nem chorei falando com ele, muito massa mesmo. Me deem um voto de confiança, vai ajudar", disse antes de revelar a tentativa de tirar a própria vida.
Abordar temas como suicídio pode ser um gatilho para indivíduos que enfrentam transtornos psiquiátricos. No entanto, falar sobre o assunto, muitas vezes, estimula um tratamento adequado do problema.
"Quanto mais falamos de algo desconhecido, como nossos sofrimentos e acústicas, mais chances temos de tratá-las. Logo, de forma geral, ter uma voz como a dele abordando o assunto ajuda muito mais do que poderia incentivar, pela oportunidade de conexão com o outro", disse a psicanalista.
Pensamentos intrusivos
Whindersson contou que tentou tirar a própria vida após um pensamento intrusivo ao ver um revólver, que na casa de um amigo. "Olho a arma em cima da mesa, igual aquelas pensamento de impulso sabe, que a galera diz que tá numa ponte e tem medo de, num impulso, jogar o celular, sabe??? Eu peguei essa arma, entrei no quarto, tranquei a porta", diz trecho do relato.
A arma, felizmente, falhou. O comediante disse ter travado o revólver e retirado as balas do carregador. Em seguida, foi tomar banho. A partir daí, Whindersson passou a refletir sobre o ocorrido e o que poderia ter acontecido de diferente.
Quando esses pensamentos intrusivos passam a ter uma maior recorrência e começam a virar atos, o sinal de alerta já está apitando muito forte, destaca Mariana.
"Quando o pensamento é contínuo, a ajuda médica já está atuando e nada melhora, são sinais de que algo está indo para um caminho mais perigoso. Pensamentos são só pensamentos, porém atrelado a uma insistência e a algum planejamento de atos que possam colocar a sua vida ou a de outra pessoa em risco, já significa algo a ser visto com urgência e muita atenção", diz a psicanalista.
Assumindo a vulnerabilidade
Para a terapeuta, o primeiro impacto do relato de Whindersson Nunes é a constatação de que todos somos humanos. Logo, temos emoções e sentimentos. "Os números, valores, currículos, acúmulos de conquistas, não irão selecionar quem vai ou não ter problemas com saúde mental", afirma.
"Minha mensagem pra você que, assim como eu, é um sobrevivente. Que depois que eu parei de pensar nas coisas daqui ve passei a pensar no outro plano, ficou mais fácil levar a vida. Dinheiro não vai, casa, tênis, nada, muito menos o tempo que você perdeu e não usar se talento pra ajudar alguém..", diz outro trecho da publicação de Whindersson em rede social.
Mariana aponta que, quanto mais temos a consciência de que não somos onipotentes, de que precisamos dar conta de tudo, ser forte o tempo todo, melhor será nossa conduta em situações trágicas. "A percepção de que somos humanos e vulneráveis, nos dá chances de buscar formas de lidar com os acontecimentos de acordo com cada situação", diz a profissional.