O estresse, mesmo com todos os aspectos negativos que ele traz, pode ser viciante. Esse é um truque que nosso cérebro joga: além do cortisol, o estresse libera dopamina, um químico que nos faz sentir bem e que encoraja comportamentos repetitivos, ativando o centro de recompensa em nosso cérebro, de acordo com a Heidi Hanna, neurocientista integrativa norte-americana, autora de livros como “The Sharp Solution, Stressaholic” e “Recharge”.
O estresse pode causar uma sensação de euforia natural, ativando os centros de excitação e atenção em nosso sistema nervoso, que, se prolongados, podem ser "tão viciantes quanto as drogas", adverte Hanna.
Em outras palavras, seu cérebro cronicamente estressado pode depender dessas pequenas doses eufóricas de dopamina, completa Debbie Sorensen, psicóloga formada em Harvard que se especializou em Burnout.
Também nos mantemos ocupados tentando evitar "emoções desconfortáveis", como tédio, solidão e tristeza. "É muito mais comum do que você pensa", acrescenta Sorensen.
Mas glorificar o fato de estar ocupado o tempo todo, tanto dentro quanto fora do trabalho, pode ser perigoso. Isso torna o estresse crônico e o Burnout ainda mais prováveis. O estresse crônico, se não for controlado apropriadamente, pode causar pressão alta, síndrome do intestino irritável, acne e outros problemas de saúde.
3 sinais comuns de um vício em estresse
Se você prospera em prazos acelerados e se sente culpado sempre que tira folga do trabalho, acredite, já pode estar viciado em estresse.
O vício em estresse muitas vezes decorre de uma pressão autoinfligida para ter sucesso, alerta Sorensen, deixando pessoas altamente ambiciosas mais suscetíveis ao Burnout e ao estresse crônico. Mas as pressões sociais também desempenham um papel.
"Nossa cultura obcecada por produtividade tornou o estresse um distintivo de honra", explica ela. "Também é bom para o ego estar constantemente ocupado, porque equiparamos ocupação com sucesso."
Existem 3 sinais comuns de um vício em estresse em desenvolvimento para ficar atento, de acordo com Sorensen:
- 1. Evitar descanso e relaxamento
- 2. Checar constantemente o celular
- 3. Dizer "sim" para tudo
É importante destacar que esses também podem ser sinais de um ambiente de trabalho tóxico que espera que você se esforce demais e esteja constantemente "ligado", aponta Sorensen.
Ambiente de trabalho tóxico contribui pro vício
Se seu chefe consistentemente lhe dá uma "carga de trabalho excessivamente alta ou espera que você esteja online fora do expediente, isso não é um sinal de vício em estresse”, alerta ela.
Você precisa estabelecer limites e se afastar do estresse relacionado ao trabalho da maneira que puder.
O sintoma mais óbvio de um vício em estresse é escolher constantemente colocar-se em situações estressantes, mesmo quando você tem a opção de evitá-las e seu corpo, mente ou ambos estão "pedindo uma pausa", diz Sorensen.
Como quebrar o ciclo vicioso
Não há método infalível para controlar um vício em estresse, mas o exercício e a meditação são bons começos.
Ambas as práticas aumentam os "químicos felizes" no cérebro, incluindo a dopamina e endorfinas, que são fortes antídotos para a resposta de luta ou fuga em que você se encontra quando está estressado.
Mais importante ainda: veja se você pode descobrir o que desencadeia o "estresse ruim" para você, orienta Sorensen. Fique atento a problemas com seu sono, apetite, foco e humor. O que você faz quando está estressado? O que ajuda e o que piora?
"Às vezes, você tem que ir mais fundo do que essas soluções rápidas. Se você acha que é viciado em estresse, pode estar realmente com pouco sono ou ter muitas responsabilidades em sua vida... e a única maneira de melhorar é fazer uma mudança de estilo de vida", finaliza Sorensen.
Publicado originalmente pela CNBC.
(*) HOMEWORK inspira transformação no mundo do trabalho, nos negócios, na sociedade. É criação da COMPASSO, agência de conteúdo e conexão.
