De acordo com dados do Ministério da Saúde, a endometriose afeta uma a cada dez mulheres entre 25 e 35 anos. Trata-se de uma doença progressiva, o que significa que, na ausência de tratamento, os tecidos endometriais ectópicos podem se espalhar e se agravar ao longo do tempo, causando danos a outros órgãos e intensificando a dor.
Os sintomas gastrointestinais relacionados à endometriose, como dor abdominal, cólicas, alterações intestinais e desconforto durante a defecação, causam uma série de desafios físicos, emocionais e sociais. Por isso, a seguir, o Dr. Thiers Soares, ginecologista cirurgião especialista em endometriose, adenomiose e miomas, explica sobre o impacto da endometriose intestinal na qualidade de vida da paciente. Confira!
1. Restrições alimentares e estilo de vida
Alguns sintomas intestinais, como diarreia, constipação e distensão abdominal, levam as mulheres a optarem por modificações na dieta a fim de aliviar os sintomas. Isso pode resultar em restrições alimentares, afetando a qualidade e a variedade da dieta. Além disso, a endometriose intestinal é capaz de limitar a participação em atividades sociais, como sair para comer fora, devido à preocupação com os sintomas, sendo necessário seguir uma dieta específica.
2. Impacto emocional da endometriose
A dor crônica, a incerteza sobre os sintomas, a preocupação com a progressão da doença e os impactos nas atividades cotidianas levam à ansiedade, depressão e frustração. Esses aspectos emocionais afetam negativamente a qualidade de vida, os relacionamentos interpessoais e a saúde mental, em geral.
3. Interferências nas relações interpessoais e sexualidade
A dor durante o sexo (dispareunia) e os sintomas intestinais causam desconforto e diminuem a libido. Além disso, as limitações impostas pela doença podem impedir a participação em atividades sociais e interferir nas interações familiares, sociais e românticas.
4. Fertilidade e planejamento familiar
A obstrução das trompas de Falópio, a formação de aderências e a inflamação crônica dificultam a concepção natural. Isso pode causar angústia emocional e estresse adicional para as mulheres que desejam ter filhos. O planejamento familiar também pode ser afetado, exigindo intervenções médicas, como a fertilização in vitro (FIV) ou outras técnicas de reprodução assistida.
Tratamento da endometriose intestinal
Quando a endometriose intestinal é superficial e não causa comprometimento significativo da estrutura intestinal, o tratamento clínico é frequentemente considerado uma opção viável. Nesses casos, medicamentos são prescritos para interromper a menstruação e controlar os focos de endometriose. Esses medicamentos visam reduzir os sintomas e impedir a progressão da doença.
O uso de terapia hormonal, como contraceptivos orais combinados ou progestágenos, costuma ser recomendado para controlar o crescimento do tecido endometrial ectópico e aliviar a dor. No entanto, quando a endometriose intestinal é profunda e envolve uma penetração mais extensa do tecido endometrial nas camadas intestinais, o tratamento cirúrgico se torna frequentemente necessário.
Nesse sentido, um plano de tratamento individualizado, considerando a gravidade da doença, a extensão do envolvimento intestinal, os sintomas apresentados e os objetivos reprodutivos da paciente, é estabelecido para proporcionar o melhor resultado possível e melhorar a qualidade de vida das mulheres afetadas pela endometriose intestinal.
Por Beatriz Fernandes