A notícia boa é que o número de fumantes no Brasil vem diminuindo. Para se ter uma ideia ampla, a última pesquisa feita pelo Ministério da Saúde em 2019 mostrou que 9,3% da população nacional tem o hábito de fumar, um número 40% menor na comparação com 2006, quando 15,6% das pessoas fumavam.
A má notícia é que o pseudoprazer do fumo ainda provoca males à saúde das pessoas nos mais diversos órgãos do corpo humano e, pior, de forma silenciosa. Um exemplo disso é o mal que o tabagismo traz à saúde dos olhos. O oftalmologista Hallim Feres Neto, membro do Conselho Brasileiro de Oftalmologia e diretor da Prisma Visão, reconhece como essa temática passa ainda despercebida.
"As pessoas têm uma consciência geral dos efeitos negativos do cigarro em áreas como por exemplo os pulmões e o coração, mas poucas estão cientes de como o hábito de fumar pode prejudicar seriamente a visão", diz.
Substâncias tóxicas na corrente sanguínea
Segundo ele, quando a fumaça é inalada e as diversas substâncias tóxicas do cigarro entram na corrente sanguínea, acontece um aumento de inflamações no corpo, o que diminui a oxigenação.
"Fumar reduz a quantidade de oxigênio que chega aos olhos, e está associado a uma série de doenças oculares", explica ele.
Dentre as mais comuns, Feres Neto cita catarata, degeneração macular relacionada à idade (DMRI), glaucoma, uveíte e retinopatia diabética, além da síndrome do olho seco, condição direta e extremamente impactada pelo uso do cigarro.
"A fumaça do cigarro contém muitas substâncias tóxicas e irritantes que podem causar inflamação e irritação direta na superfície do olho, prejudicando a produção e a qualidade das lágrimas. Falando nisso, a nicotina pode afetar a produção de lágrimas ao interferir com os nervos que controlam esta função", explica o oftalmologista.
Mais distúrbios causados pelo cigarro
Outras colateralidades que também desembocam na piora da saúde ocular têm a ver com a influência do cigarro em doenças da tireoide e a doença de Sjögren, que é um distúrbio do sistema imunológico caracterizado por olhos secos e boca seca.
"Sem contar que a exposição passiva à fumaça do cigarro também pode irritar os olhos e piorar os sintomas da Síndrome do Olho Seco em pessoas não fumantes", alerta Feres Neto.
A situação é ainda pior para quem usa lentes. O oftalmologista explica que a redução da oxigenação que o fumo promove alcança as córneas, que no caso de usuários de lente de contato, já sofrem com a oxigenação reduzida pelo próprio uso da lente.
"Essa combinação pode aumentar o risco de infecções e úlceras na córnea", explica.
Por fim, Feres Neto reforça: "Parar de fumar é uma das melhores decisões que qualquer pessoa pode tomar para proteger a visão e a saúde em geral".
(*) HOMEWORK inspira transformação no mundo do trabalho, nos negócios, na sociedade. É criação da Compasso, agência de conteúdo e conexão.