5 mitos e verdades sobre a cirurgia de enxaqueca

Cirurgião explica como é feito o procedimento que promete acabar com as dores da enxaqueca e esclarece as principais dúvidas

5 nov 2022 - 17h04
(atualizado em 7/11/2022 às 16h47)
5 mitos e verdades sobre a cirurgia de enxaqueca
5 mitos e verdades sobre a cirurgia de enxaqueca
Foto: Shutterstock / Saúde em Dia

Sofre com episódios constantes de dores de cabeça? A cirurgia pode ser uma alternativa para tratar a condição. Isso porque o procedimento, criado a partir de cirurgias estéticas para a região frontal ou superior da face, apresentou melhora das dores em pacientes com histórico de enxaqueca.

"Em 2005, foi publicado um estudo prospectivo com randomização entre um grupo tratado e um controle sem cirurgia, envolvendo no total 125 pacientes. Do grupo tratado, 92% dos pacientes obtiveram sucesso com a cirurgia. Além disso, 35% apresentaram eliminação completa dos quadros de enxaqueca", explica o Dr. Paolo Rubez, cirurgião plástico formado pela UNIFESP, membro da Sociedade de Cirurgia de Enxaqueca dos EUA.

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Tratamentos conservadores, como medicamentos, não se mostraram eficientes no na recuperação de enxaquecas resistentes, que, aliás, estão associadas a uma má qualidade de vida. "A cirurgia da enxaqueca é definida como a descompressão dos nervos periféricos (uma 'desativação' nos locais do gatilho). Essa é uma estratégia de tratamento relativamente nova, mas altamente respaldada pela ciência, para enxaquecas resistentes e refratárias ", completa o médico. 

O especialista explica os principais mitos e verdades sobre o procedimento. Confira:

"Não tem comprovação científica"

Mito. Isso porque a cirurgia da enxaqueca disponível no Brasil é uma das formas mais eficientes de reduzir a intensidade, frequência e duração das crises, segundo revisão sistemática recente, publicada em fevereiro no Annals Of Surgery. "Foram analisados 68 estudos que confirmaram os resultados e a segurança do procedimento, com baixíssimo índice de complicações e alto grau de satisfação dos pacientes", explica o cirurgião plástico Dr. Paolo Rubez.

"A cirurgia de enxaqueca é financeiramente inviável" 

Mito. "Um estudo recente do The Journal of Craniofacial Surgery destaca que a cirurgia tem um custo benefício melhor. Além disso, a partir de um ano os custos da medicação ultrapassam e muito os do procedimento. A cirurgia é realizada uma vez, enquanto que a medicação é para o resto da vida", destaca.

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"A cirurgia reduz o uso de medicamentos"

Verdade. Um estudo da Harvard Medical School mostrou que a cirurgia de enxaqueca, além de melhorar os sintomas de dor de cabeça conforme demonstrado em diversos estudos, também está associada a uma redução significativa no uso de medicamentos, principalmente no caso de pacientes que sofrem com dores crônicas e debilitantes, afirma Dr. Paolo. 

"A cirurgia de enxaqueca é pouco invasiva"

Verdade. Segundo o médico, a cirurgia tem um tempo de duração de 15 minutos a 6 horas, dependendo do número de nervos tratados, e age na descompressão operatória dos nervos periféricos na face, cabeça e pescoço para aliviar os sintomas da enxaqueca. "A cirurgia é pouco invasiva e tem o objetivo de descomprimir e liberar os ramos dos nervos trigêmeo e occipital envolvidos nos pontos de dor", esclarece.

"A maioria dos pacientes necessita da cirurgia em mais de um nervo e normalmente a anestesia é geral,. Por isso, é necessária a internação hospitalar de até 1 dia. No entanto, em uma minoria de casos, a cirurgia pode ser feita com anestesia local e com alta imediatamente após o procedimento", conta o médico.

"Só pode ser feita em adultos" 

Mito. "Os estudos científicos envolveram o tratamento de adolescentes e adultos, ambos com resposta positiva e semelhante, sendo então indicada a partir da adolescência. Não há estudos em crianças", afirma o médico. 

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A cirurgia de enxaqueca pode ser feita em qualquer paciente que tenha diagnóstico de migrânea feito por um neurologista, e que sofra com duas ou mais crises severas de dor por mês, que não consigam ser controladas por medicações. Pacientes que sofrem com efeitos colaterais das medicações ou que têm intolerância a elas também podem realizar o procedimento. Além disso, pessoas com qualidade de vida afetada podem ser contempladas, aponta o Dr. Paolo.

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