A cirurgia plástica deverá, em 2024, experimentar novos tempos – principalmente por conta de mudanças na publicidade médica. Essa é a expectativa da Associação Brasileira de Cirurgia Plástica (BAPS), que destaca as principais tendências para o próximo ano.
“A principal busca é por aprimoramento. Cada vez mais, os pacientes querem manter sua estrutura geral da face, traços familiares herdados e geralmente querem se parecer com eles mesmos, mas com alguns ajustes refinados. Essa é a mesma tendência que observamos nos seios. O aumento continua a ser popular, mas com implantes menores, com formas mais naturais ou melhor posicionados. No campo dos injetáveis, o enxerto de gordura continuará popular para promover melhorias na face e no corpo", diz o cirurgião plástico Daniel Botelho, presidente da BAPS.
Veja abaixo as sete principais tendências na área:
Melhor relação entre médico e paciente
As mudanças na publicidade médica por meio da resolução CFM nº 2.336/2023 entrarão em vigor a partir de 11 de março de 2024. De acordo com as determinações, os médicos poderão divulgar fotos de “antes e depois”, valores cobrados por consultas, explicar como funcionam tratamentos e mostrar dia a dia de trabalho nas redes sociais, desde que não identifiquem os pacientes nem façam propaganda de empresas ou marcas.
“Com a resolução nova, o paciente não terá que pagar uma consulta para descobrir se o cirurgião faz a cirurgia que ele deseja, podendo facilmente conhecer o trabalho do médico em suas redes sociais e isso, por si só, já é uma vitória para todos os pacientes. E também aproxima o profissional do paciente. Por isso, sempre defendemos uma publicidade médica livre e responsável”, diz o cirurgião plástico Eduardo Nunes, membro da BAPS.
Contorno corporal com hipertrofia muscular
Com o surgimento de diversos equipamentos poderosos para o tratamento não invasivo da gordura localizada e flacidez, as técnicas cirúrgicas se aperfeiçoaram para trazer resultados ainda mais eficientes no contorno corporal.
“As tecnologias para o tratamento da flacidez possuem ótimos resultados quando bem indicadas. Mas esses dispositivos têm resultado limitado e nunca substituirão a retirada de tecido em casos de flacidez intensa e excesso de tecido”, explica o cirurgião plástico Luiz Carlos Carvalho, membro da (BAPS).
“Com os avanços das técnicas cirúrgicas, podemos aumentar o tamanho do compartimento muscular com a Lipo UGraft, que também tem benefícios que ultrapassam a estética, possibilitando a regeneração muscular, por exemplo. Além de aspirar a gordura que esconde a definição muscular, o procedimento ainda promove a hipertrofia do músculo por meio do enxerto de gordura que é rico em células-tronco. É uma cirurgia mais fisiológica e sem risco de rejeição, pois a gordura é retirada do próprio paciente. Os resultados tendem a ser mais naturais e duradouros”, explica Luiz.
Então, é possível que os pacientes procurem os consultórios em busca de procedimentos como a Lipo HD (que reduz gordura em locais estratégicos para melhorar a definição) e Lipo UGraft. “Para melhorar o contorno corporal, essa gordura pode ser aproveitada para melhorar a definição muscular, mesmo em regiões de difícil alteração apenas com treino e dieta”, completa o médico.
Aumento de pacientes masculinos
A proporção de homens realizando cirurgia plástica aumentou de 5 para 30% no Brasil nos últimos cinco anos e a expectativa é de que continue a crescer.
“A influência da mídia e das redes sociais desempenha um papel na popularização da cirurgia plástica entre os homens. Com o aumento do foco na estética e no aspecto físico, muitos homens almejam atender padrões de beleza modernos. Cirurgias faciais e corporais, principalmente, estão ganhando destaque”, explica o cirurgião plástico Guilherme Guardia Mattar, membro da BAPS.
Os procedimentos mais buscados são: a ginecomastia (redução das mamas masculinas), lipoaspiração, rinoplastia (cirurgia estética e funcional do nariz) e transplante capilar.
Olhar atento ao paciente transgênero
O assunto diversidade também faz cada vez mais parte do mundo das cirurgias estéticas faciais de afirmação de gênero, que alinham características físicas à identidade de gênero, ajudando pacientes transgêneros a ficarem “em paz” com a própria imagem.
Por exemplo, homens transgêneros que desejam conquistar uma mandíbula mais forte e um contorno facial mais destacado podem optar pela mentoplastia.
“Nesses casos, o tratamento pode ser feito através de próteses de queixo e mandíbula ou com preenchimentos de hidroxiapatita de cálcio ou ácido hialurônico, que são absorvíveis. No campo das cirurgias faciais, a rinoplastia também se destaca, principalmente entre mulheres trans que desejam afinar o nariz e torná-lo mais delicado. Quanto às cirurgias corporais, a mastectomia para retirada das mamas em pacientes transgêneros masculinos é um ponto de destaque. Definitivamente, a cirurgia plástica transformou-se num convite para que cada indivíduo abrace e realce sua própria beleza, principalmente no caso do público LGBT”, ressalta o cirurgião plástico Alexandre Charão, membro da BAPS.
De olho no lipedema
Condições médicas como o lipedema, uma doença crônica que afeta principalmente as pernas, causando acúmulo anormal de gordura nos membros inferiores, são amplamente debatidas – e os cirurgiões plásticos devem ficar atentos às recomendações.
“O tratamento para o lipedema visa principalmente controlar os sintomas e melhorar a qualidade de vida, uma vez que não há cura definitiva. Envolve: gerenciamento de peso, terapia dermolinfática, dieta anti-inflamatória, exercícios e, enfim, a cirurgia plástica. A lipoaspiração de lipedema, que, vale lembrar, é completamente diferente da lipoaspiração convencional, remove as células de gorduras doentes, embora a doença não tenha cura”, explica Juliana Tenorio, cirurgiã plástica especialista em lipedema e membro da BAPS.
Lifting facial profundo e sem cicatrizes aparentes
O Deep Plane Endoscópico foi uma técnica introduzida no Brasil pelo Congresso da BAPS e que deve começar a ser feita em 2024.
“Essa é uma grande novidade que estamos trazendo para o Brasil. A incisão é feita na região temporal, dentro da área do cabelo e, por meio dela, o cirurgião faz um deslocamento por videocirurgia dos ligamentos em plano profundo, o que traz resultados satisfatórios e mais naturais”, explica o cirurgião plástico Fernando Mattioli, também membro da BAPS.
“A técnica é recente, indicada para alguns casos, e elimina a necessidade de cortes ou cicatrizes na frente da orelha”, acrescenta o cirurgião plástico.
A videocirurgia no Deep Plane Endoscópico consegue fazer uma dissecção de plano profundo em toda a região facial, da área da incisão (no couro cabeludo) até a mandíbula.
“Esses tecidos são elevados e reposicionados. Anteriormente, os procedimentos de lifting facial poderiam resultar em uma aparência esticada e artificial. No entanto, as técnicas modernas se concentram em abordagens mais profundas, com reposicionamento da camada muscular, e poupando um pouco a pele. Além disso, os cirurgiões também se concentram na restauração dos volumes faciais, em vez de simplesmente esticar a pele”, acrescenta.
Essa é uma cirurgia indicada para casos mais limitados, mais iniciais, segundo o médico. “O Deep Plane Endoscópico pode beneficiar pacientes no fim dos 40, início dos 50 anos, que apresentam uma leve queda do rosto”, comenta o médico.
Prevenção continua em alta
O presidente da BAPS Daniel Botelho explica que como a ideia do resultado natural está cada vez mais em voga, os tratamentos preventivos irão crescer.
“Por isso, um número maior de pacientes mais jovens deve adentrar os consultórios médicos”, finaliza.
(*) HOMEWORK inspira transformação no mundo do trabalho, nos negócios, na sociedade. É criação da Compasso, agência de conteúdo e conexão.