Uma jovem de 18 anos morreu por complicações causadas pela bactéria Staphylococcus aureus em Blumenau, Santa Catarina. Dâmilly Beatriz da Graça era estudante de biomedicina e contraiu o microrganismo através de uma acne do rosto, segundo informa nota divulgada pela mãe dela, Daniela Veiga, nas redes sociais.
"Minha filha foi atingida por uma bactéria agressiva e de difícil reversão (Staphylococcus aureus). Gerou uma infecção generalizada e ocasionou falência múltipla dos órgãos", escreveu Daniela. O hospital, porém, informou que a bactéria, que é presente na pele, pode entrar no organismo através de qualquer lesão.
Staphylococcus aureus
De acordo com o Dr. Evaldo Stanislau, professor de medicina na Universidade São Judas Tadeu e médico infectologista do Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina da USP (HC-FMUSP), o Staphylococcus aureus é uma bactéria bastante comum, que faz parte da nossa flora e está presente no nosso corpo, sobretudo na região da pele, na área de implantação de pelos.
"Não há uma necessidade portanto de a bactéria 'entrar' no nosso corpo, porque ela já faz parte da nossa flora, mas da flora superficial da pele e região de pelos, e eventualmente alguns orifícios, como é o caso das nossas narinas", afirma o especialista.
Segundo o médico, a bactéria costuma se aproveitar de orifícios na pele - como piercings, por exemplo - para ganhar as partes mais profundas do nosso corpo, como a região subcutânea ou até a corrente sanguínea, com consequências que podem chegar a uma infecção sistêmica.
A característica de uma infecção por Staphylococcus de pele é a presença da pele com dor no local, vermelhidão, inchaço e sensibilidade ao toque, aponta Evaldo. "Esses são sinais clássicos da inflamação. Se isso começa aumentar de tamanho ou de extensão, vale a pena procurar orientação médica para um tratamento adequado", destaca.
A médica dermatologista Dra. Darleny Daher cita ainda cortes, traumas e micoses como possíveis portas de entrada para a bactéria - isto é, além da acne. "Mas não é comum vermos uma infecção grave como essa se desenvolver a partir de uma espinha", ressalta Darleny.
O infectologista Dr. Evaldo Stanislau concorda, e enfatiza que, por mais comum que a acne seja, uma consequência como uma infecção sistêmica não é frequente. "O que nós podemos ver com mais frequência são infecções da pele e das partes anexas tendo como porta de entrada uma acne", justifica.
Como lidar com a acne
Acne é uma doença de pele e deve sempre ser acompanhada e tratada pelo médico dermatologista. A abordagem precoce e adequada, otimiza os resultados e previne complicações clínicas e cicatrizes, ressalta Darleny.
"Nós dermatologistas, orientamos nossos pacientes com acne a não manipularem suas lesões. Além do risco das cicatrizes inestéticas, essa manipulação pode levar essas bactérias para dentro da nossa pele e causar uma infecção mais grave. E sempre que for aplicar suas medicações ou manipular alguma área da sua pele com acne, estar com as mãos limpas", orienta a dermatologista.
Quem sofre com o problema tem diversos tratamentos à disposição. "A indicação vai depender da gravidade de cada caso. Mas podemos usar medicações tópicas como os cremes, antibióticos orais e até mesmo a isotretinoína", afirma.
No geral, há algumas boas condutas para lidar com a acne. Entre elas, a Dra. Darley Daher indica:
- Realizar uma higiene adequada da pele, com o produto correto;
- Usar cosméticos que sejam adequados ao seu tipo de pele;
- Sempre remover o protetor solar ou a maquiagem antes de dormir,;
- Ter uma alimentação balanceada;
- Evitar automedicação.