Afasia: como se recuperar da dolorosa sequela pós-trauma

A dor de ficar sem palavras e o distúrbio de linguagem: orientações para recuperação da afasia

21 abr 2023 - 06h10
Foto: Adobe Stock

Afasia é um distúrbio de linguagem que afeta a capacidade das pessoas de interpretarem textos, falar, compreender palavras, diferenciar sons e escrever.  Isso geralmente ocorre após um problema neurofuncional como AVC, tumores, lesões por acidente, doenças degenerativas ou qualquer outro problema que dificulte, comprometa ou impossibilite a comunicação.

Após o diagnóstico, é imprescindível o acompanhamento de um fonoaudiólogo, pois o profissional em terapia precisa requalificar as funções de respiração, deglutição e fala do paciente afásico. Casos mais graves podem comprometer até o comportamento, como desassociar a palavra do seu significado. Exemplo: A pessoa fala caneta, mas na verdade ela queria dizer prato.

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Não dá pra ver determinada sequela de um AVC

Vida agitada, bem-sucedida e realizada. Essa era a vida da empresária Sônia Reinol até sofrer um AVC que a deixou como sequela a afasia. Dona de uma empresa no ramo de eventos, ela era responsável por contratos, negociações e toda comunicação com os clientes, quando de repente viu sua carreira virar de cabeça para baixo com o diagnóstico. 

“No dia que acordei no hospital, via todo mundo conversando, mas era como se as pessoas estivessem falando um outro idioma do qual apenas eu não conseguia dominá-lo. Eu compreendia o que era dito e acreditava que quando comunicava estava sendo clara, a questão era que eu trocava as palavras, falava coisas sem sentido”, comenta Sônia.

O primeiro passo em busca da recuperação contou com a ajuda de um fonoaudiólogo, além do apoio incondicional da família e muito empenho por parte de Sônia. 

Focada em retomar gradativamente sua rotina, ela resolveu percorrer um caminho bastante desafiador para um afásico, buscando refúgio no teatro com o intuito de se comunicar novamente com as pessoas. 

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“Eu me lembro que fiz o papel de Madame Clessi, durante as comemorações de 100 anos de Nelson Rodrigues, foi um desafio e tanto. Havia uma palavra que a personagem dizia sempre, a palavra era ‘vendo’, no sentido do verbo vender e eu não conseguia dizer ou entender a palavra. Foram dois meses de muito trabalho até fazer sentido”, relembra ela.

Processo que dura toda a vida

Segundo Tamara Drumont, fonoaudióloga do Instituto Diferente Mente, cada terapeuta dedica tempo e atenção técnica para organizar o plano terapêutico voltado as necessidades de cada caso, uma vez que o aprendizado das habilidades de comunicação é um processo que dura a vida toda e que se modifica constantemente para estimular e apoiar a nova forma de falar que este paciente irá construir. 

“Partimos do princípio da organização das funções cognitivas, como fala, pensamento, memória, planejamento e execução motora levando em conta o grau de comprometimento físico, o tempo em que ela ocorreu e a intensidade com a qual as manifestações acontecem”, comenta a especialista.

Sônia Reinol lembra o início da afasia: “Falava coisas sem sentido”
Foto: Divulgação

Esse obstáculo enfrentado diariamente por Sônia Reinol a motivou a se tornar uma espécie de embaixadora da afasia, tanto que ela buscou uma nova forma de inspirar outras pessoas, através de sua biografia “A Filha do Rei”. 

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“Hoje, sempre que consigo espaço falo sobre o transtorno e uso a minha história e a minha luta para incentivar pessoas a não desistirem. Conheço bem a sensação dessa sequela e convivo com ela diariamente, então seja com o livro, com o teatro ou em entrevistas, quero levar essa mensagem de superação e de conscientização para esse distúrbio de linguagem’’, finaliza a atriz.

(*) HOMEWORK inspira transformação no mundo do trabalho, nos negócios, na sociedade. É criação da COMPASSO, agência de conteúdo e conexão.

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