As autoridades alemãs deram nesta quarta-feira (17) seu aval para que a empresa CureVac inicie testes em seres humanos de sua potencial vacina contra o novo coronavírus.
A autoridade federal responsável por regular vacinas e medicamentos, o Instituto Paul Ehrlich, autorizou testes com o medicamento em voluntários saudáveis. Isso significa que, na avaliação das autoridades alemãs, os testes realizados em animais foram tão bem-sucedidos que a fase um de testes clínicos se justifica. Segundo o Instituto Paul Ehrlich, esta é a 11ª autorização do gênero no mundo.
Os primeiros testes em seres humanos deverão começar ainda neste mês de junho, e os primeiros resultados deverão estar prontos no segundo semestre de 2020. Se tudo correr bem, a vacina poderá estar pronta no início de 2021.
No fim de abril, outra empresa alemã, a Biontech, havia recebido a mesma autorização para testes de uma possível vacina contra o Sars-Cov-2 em seres humanos.
A Curevac, assim como a Biontech, trabalha numa vacina de RNA mensageiro (mRNA). Outra empresa que investe nesse tratamento é a Moderna, dos EUA.
A CureVac argumenta que sua vantagem em relação às concorrentes é que sua vacina utiliza uma dosagem muito menor de mRNA, de apenas 2 microgramas. Isso permitiria à empresa entregar 200 milhões de vacinas por ano com a sua atual capacidade de produção.
O RNA mensageiro é uma espécie de molécula que carrega as instruções para a produção de uma proteína. No caso da vacina da CureVac, o mRNA é sintetizado em laboratório e contém as instruções para a produção de uma proteína do novo coronavírus.
Com as instruções, as células comuns do paciente começam a fabricar a proteína do coronavírus, e o sistema imunológico do corpo reage com a produção de anticorpos contra a covid-19.
A empresa, que tem sede em Tübingen, no sul da Alemanha, se apresenta como uma pioneira em tratamentos de mRNA e trabalha desde janeiro de 2020 na produção de uma vacina contra o novo coronavírus.
Nesta segunda-feira, o Ministério da Economia comunicou que vai adquirir 23% da empresa, ao custo de 300 milhões de euros. A intenção do governo alemão é impedir que a empresa seja incorporada por estrangeiros.
Em março, a CureVac gerou manchetes na Alemanha por causa de uma suposta tentativa do presidente Donald Trump de assegurar para os EUA direitos exclusivos sobre uma possível vacina. Mais tarde, a empresa alemã refutou essa notícia e comunicou que nunca houve tal tentativa.
A CureVac não é listada em bolsas de valores e pertence majoritariamente ao fundo de investimentos do milionário alemão Dietmar Hopp, fundador da empresa de software SAP. A Fundação Bill e Melinda Gates também tem uma pequena participação na empresa.
A fase um de testes da vacina que agora se inicia custará 15 milhões de euros e é completamente financiada pela fundação Cepi, uma aliança criada em 2016 pela Fundação Bill e Melinda Gates, a fundação britânica de caridade Welcome Trust e vários países, entre eles a Alemanha, a Noruega e o Japão.
Se as fases um e dois dos testes, nas quais basta um número reduzido de voluntários, forem bem-sucedidas, a CureVac passará para a fase três, com milhares de voluntários. Essa fase é atualmente muito difícil de ser executada na Alemanha por causa do baixo número de novas infecções. Por isso, a CureVac comunicou já estar em contato com centros de pesquisa na África e no Brasil.